O que é “Demissão silenciosa”? Como isso pode afetar – positiva e negativamente – um ambiente de trabalho?

 

Recentemente, um dos termos que mais apareceu em redes sociais, como Instagram e TikTok foi “quiet quitting” que pode ser traduzido como “Demissão (ou desistência) silenciosa”.

Um termo que, em um primeiro momento, pode parecer um indicativo de atitudes feitas, propositalmente, para que o funcionário de uma empresa seja demitido.

Entretanto, não é isso que o termo designa. Antes, ele se refere a um ideal de trabalho: o mínimo necessário, dentre as atribuições de um cargo.

Conceito polêmico, visto com ambiguidade por alguns gestores, mas como preocupante por outros, a demissão silenciosa é a pauta do momento, em gestão de pessoas e recursos humanos.

Entenda o porquê:

 

A demissão silenciosa não é sobre “agir para ser demitido”

Em um primeiro momento, podemos pensar na demissão silenciosa como uma série de atitudes feitas, para o funcionário ser demitido – e consequentemente, receber os benefícios desse processo e afins.

Porém, uma atitude de demissão silenciosa não se trata de buscar ser demitido. Antes, é uma forma de encarar o ambiente profissional: trabalhar o mínimo necessário, e estabelecer limites entre a vida profissional e a vida pessoal.

O que não parece nada absurdo. Mas, considerando algumas tendências, que apregoam máxima produtividade, como o “vestir a camisa da empresa” ou “trabalhe enquanto eles dormem”, a ideia causou polêmica.

 

Falta de perspectivas profissionais e pessoais

Uma das principais origens da demissão silenciosa está nas crises financeiras e estruturais dos últimos 10 anos, acentuadas, especialmente, desde 2020, com a crise sanitária do Covid-19.

Os aumentos no custo de vida, as dificuldades em obter crédito imobiliário e a profunda recessão econômica global trouxeram duas consequências: funcionários precisando trabalhar dobrado, e empresas com ritmos de trabalhos incessantes.

Com isso, algumas jornadas ultrapassaram as 40 horas semanais. Algumas empresas passaram aa ter metas absurdas. Bancos de horas, reuniões online, e demais processos de trabalho fora do horário se tornaram comuns.

Logo, muitos funcionários perderam suas horas de descanso, tiveram suas vidas excessivamente atreladas ao trabalho. Sua vida virou o emprego, por assim dizer.

 

Demissão silenciosa: uma reação a doenças laboriais

As ditas doenças e crises de saúde laboriais são bem conhecidas por nós: stress, burn-out, depressão e similares.

Nesse sentido, a demissão voluntária é uma reação adotada pelos funcionários, como uma maneira de evitar esses problemas.

Fazer o mínimo, nesse sentido, significa trabalhar apenas o tempo estipulado pelo contrato, respeitar rigorosamente as horas de descanso, pensar esferas da vida para além do trabalho, entre outros.

 

Os riscos da dedicação mínima

Alguns gestores veem a demissão silenciosa como uma reação digna de ser compreendida e considerada.

Afinal, é uma medida de sobrevivência, ao desgaste mental e pessoal de algumas jornadas, e ela pode, mesmo trazer aumento na produtividade.

Porém, para outros, a ideia de uma dedicação menor é vista como um problema, principalmente quando a cultura da empresa é de um se dedicar “a mais”, para se galgar uma promoção profissional e currículo de excelência.

 

3 Comentários
  1. Renato Diz

    Muitas empresas também, ao que parece, preferem funcionários “curva de rio”. Os que agem certo ganham o mesmo que os m… tem empresa que contrata parentes, e com isso a proteção entre eles é evidente, e sobrecarregam os demais; além das péssimas condições de trabalho, como por exemplo, almoçar na portaria, sem bater o ponto, e as pessoas te vêem, você tem que atender mastigando, não fica legal pra ninguém. Tem muita coisa errada, mas é assim. Sabe-se que não há lugar perfeito, mas muita firma não tá nem aí pra nada. É cultural isso, e nós brasileiros temos uma grande parcela de culpa, pois aceitemos essas condições, tanto de firminhas terceirizadas quanto as diretas também. Mas há lugares bons pra trabalhar…aí é outra categoria.

  2. Valensco Diz

    Se um gestor entende que os colaboradores tem de “dar o sangue” pela empresa, então não está fazendo seu trabalho direito. Gerir recursos, humanos inclusive, significa garantir sua contínua disponibilidade, não exaurir todos os recursos em troca de resultados de curto prazo. Gerir é garantir a sustentabilidade do negócio, não mostrar dashboards “bonitos”.

  3. Giovanna Diz

    Excelente artigo

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