O que é positividade tóxica? Por que ela é prejudicial para ambientes de trabalho?
Nos últimos anos, temos visto diversos coaches e terapeutas-celebridades abordando tema complexos, como luto, depressão ou apatia de uma forma não-convencional.
Com frases positivas de efeito.
A esse modo de pensar a vida, e seus antagonismos, foi dado o nome de “Positividade tóxica”, ou seja, é uma forma de tentar ver tudo pelo lado bom da vida (como diz a canção do grupo de humor inglês Monty Python).
Porém, enquanto no filme é uma sátira, na vida prática, não devemos “sempre olhar o lado bom da vida”. Inclusive, isso pode ser um fator de stress no trabalho, e gerando um efeito contrário sobre a produtividade necessária para aquele ambiente.
Por que a positividade tóxica é tão nociva, afinal?
Suprimindo emoções negativas
O princípio da positividade tóxica é procurar compensações, ou atenuantes, em situações antagônicas.
Um exemplo prosaico (mas muito comum) é alguém tentar auxiliar um colega, sofrendo de síndrome de Burnout, com frases de efeito. O bem-intencionado fica repetindo frases como, “Se anime”, “Logo as coisas vão se ajeitar” ou “Tente encarar isso pelo lado positivo”.
Tais frases, além de trazerem pouca ou nenhuma solução para o problema enfrentado, causam o efeito de suprimir uma demanda real, que não deve ser desconsiderada ou diminuída.
Há dores que precisam ser vivenciadas como dor. Há situações nas quais um “pensamento positivo” não traz qualquer solução efetiva.
Ao contrário, o problema vai sendo desenvolvido de forma desordenada pelo inconsciente, sem uma sistematização de todas as questões relacionadas a ele.
O cérebro vai criando conexões que não existem em uma esfera prática, até que a situação seja tão complexa, que aí ocorre uma crise profunda.
Seu equilíbrio mental vai sendo “envenenado” (daí o “tóxico”).
Ao mesmo tempo, agir de tal maneira é um modo de desconsiderar a individualidade do outro. É uma forma de autoritarismo, pois quando você tenta dizer como alguém deve lidar com suas emoções, o que acontece é uma imposição.
Lidando com os problemas
Assim, como devemos lidar com problemas, sem sermos toxicamente positivos?
Inicialmente é entendendo que há dores que precisam ser enfrentadas.
Casos como o luto, principalmente, pois envolvem algo que não podemos evitar.
Em outros casos, o antagonismo pelo qual passamos é devido a choques sociais. E nesses casos, eles não devem ser encarados fora daquilo que de fato são: um problema que não se resolve com positividade, mas com medidas efetivas.
É o caso de situações de trabalho e estresses pós-traumáticos.
De qualquer modo, o primeiro passo é ouvir o individuo que está passando por aquela dor. Entender sua perspectiva, interpretar suas emoções e sentimentos, não relativizar problemas enfrentados.
O segundo momento passa por uma análise racional da situação. É importante compreender que há um problema, e buscar interpretar ele de forma crítica, consciente e equilibrada. Nesse sentido, a solução também pode ser buscar auxílio psicológico ou jurídico.
O principal, de todo modo é: não fale “Anime-se”. Às vezes, precisamos vivenciar a tristeza.