O que é tarô? Qual é a relação dessa prática com a psicologia?
Um dos instrumentos oraculares mais conhecidos do mundo é a clarividência por cartas. Ou, de forma resumida, o tarô.
Os oráculos existem desde que a humanidade começou a se organizar por meio da abstração da linguagem, e em todas as culturas, existem oráculos e sistemas de adivinhação, premonição e aconselhamento esotérico dos mais diversos.
Porém, os tarôs são fenômenos da Modernidade, por assim dizer. Por “Modernidade”, vale dizermos que estamos nos referindo ao período a partir do século 15, mais ou menos, com a popularização do papel e da prensa, apesar de existirem jogos de cartas há mais de 700 anos.
E, a despeito de sua aura esotérica e mística, no século 20, despertaram o interesse de alguns psicólogos – notadamente, Carl Gustav Jung (1875-1961).
Por quê? Quer entender melhor qual é a relação entre o tarô e a psicologia? Então leia nosso artigo!
Como funciona um tarô?
Existem milhares de baralhos de tarôs, e eles podem muitas ou poucas cartas. Até mesmo o baralho atribuído a Jacquemin Gringonneur (ca. Século 12 ou 13) pode ser usado como oráculo, dependendo do fundamento empregado no jogo.
Porém, os princípios básicos de um tarô são o uso e interpretação de cartas, a fim de se obter alguma resposta, conselho ou previsão. Uma sessão de tarô é chamada de jogo ou tirada.
As regras de um jogo também são bem variadas, pois há diversos fundamentos, nesse tipo de oráculo. Porém, de maneira geral, os jogos revelam atitudes, sentimentos, ações e acontecimentos, por meio de simbologias criptografadas nas cartas.
Assim, em uma tirada no tarô de Marselha (um dos mais populares), por exemplo, uma carta como “A morte” não significaria, efetivamente, o fim da vida do consulente, mas o encerramento de ciclos.
Essa mensagem, produzida pelas cartas, fica ainda mais complexa, quando as cartas são analisadas em conjunto. Ou seja, o tarólogo tira 3 cartas, e elas trazem uma mensagem.
O tarô e a Psicologia
Se até meados do século 19 o tarô era visto como crendice ou esoterismo, nos princípios do século 20, ele começou a ser analisado e interpretado de forma mais séria, pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung.
Todavia, a interpretação de Jung não era no sentido de encarar o tarô por uma visão mística – mas psicológica.
Como assim?
De maneira geral, podemos dizer que as teorias de Jung apontam para o que ele chama de Inconsciente Coletivo. O psicólogo escreveu 19 volumes, logo, é um teoria complexa.
Mas para começarmos a entender, basta dizermos que o Inconsciente Coletivo seria uma série de imagens, símbolos, arquétipos e alegorias, que são abstrações dos sentimentos, medos e anseios mais antigos, da humanidade.
Jung aponta esses símbolos e a equivalências entre diversos sistemas culturais no livro O Homem e seus símbolos e os tarôs seriam reflexos desse inconsciente coletivo.
Dessa forma, um jogo de tarô teria significado, não por seu aspecto esotérico, mas por refletir as esferas mais profundas da mente humana.