O que foram as Missões Jesuíticas do Brasil?
Um dos fatos mais importantes para a formação do Brasil, como conhecemos hoje, foram as Missões Jesuíticas. Até a expulsão deles, pelo Marques de Pombal em 1759, os religiosos da Ordem de Jesus tiveram um papel fundamental para a formação das primeiras comunidades brasileiras.
Além disso, devidas às guardadas proporções, os jesuítas foram os primeiros europeus preocupados em manter a cultura dos indígenas, de alguma maneira, viva.
Eles iam em contrapartida ao pensamento geral da época – de escravizar os nativos. Ao contrário, buscando uma convivência pacífica, buscando conhecer a terra, pelas interações com seus primeiros donos.
Logo, os jesuítas são peças-chave para a construção de uma imagem de Brasil – e de América Latina, de certa forma – como temos hoje.
Para entender melhor sobre isso, leia nosso artigo.
A colonização das Américas
As primeiras missões da Companhia de Jesus (ordem fundada por Santo Inácio de Loyola, no século 16) na América datam do período de sua fundação, e tinham como objetivo converter as nações fundadoras, no catolicismo, além de educar eles com valores europeus.
No pensamento da época, isso significa “humanizar” os “selvagens”. Vale dizer que houve missões jesuítas, também, no extremo oriente, como o caso do Japão, e da Índia (notadamente, na cidade de Goa).
Parte desse ideal se devia ao fato de os religiosos de então entenderem os povos fundadores como remanescentes do “Paraíso perdido”, o Éden. Os povos indígenas viviam despidos, logo, seriam seres sem a consciência do “Pecado original”.
Essa forma de entender as nações fundadoras gerou embates, entre os jesuítas e colonizadores. Os segundos buscavam mão-de-obra, na criação de um sistema econômico agrário e, posteriormente, minerador, no novo continente.
Em termos práticos, isso significava explorar e escravizar esses povos.
Jesuítas: os primeiros educadores
Para além de uma visão evangelizadora, os jesuítas traziam ainda ideais “humanitários”. Isso é, eles tinham o ideal de trazer a “civilização” para os povos “selvagens.
Essa “humanização” passaria pela educação formal, de maneira que, as primeiras escolas populares (isso é, para a população em geral), eram administradas por eles.
Sua forma de ensino era marcada por extremo rigor aos ensinamentos, participação ativa dos alunos, na construção dos conhecimentos, e uma intrínseca ligação entre conteúdos práticos (Matemática, Ciências, Línguas) a conteúdos religiosos (Teologia, doutrinação cristã, ética católica).
Seu rigor era, vale dizer, aprovado inclusive pelas elites, uma vez que muitos missionários jesuítas nas Américas eram os responsáveis por passarem as primeiras letras aos filhos de militares e latifundiários das Américas.
Atuação política
Além de sua preocupação com a preservação da vida de povos nativos, alguns jesuítas tiveram intensa atuação política no Brasil.
Senão no campo da política prática, no campo da formação ideológica.
É o caso de Antônio Vieira (1608-1697), que, de alguma maneira, foi um dos primeiros ativistas de Direitos Humanos no Brasil, bem como um dos primeiros a trazer uma ideia de identidade nacional.
Vieira era profundamente crítico a escravização, estabeleceu intercâmbios culturais com povos nativos e foi um grande crítico da Inquisição.