O que são as festas de Pachamama?

 

Muito comuns hoje em dia, as ditas “Festas de Pachamama” são os principais eventos turísticos sazonais em países como Peru e Bolívia. Isso se deve por diversos fatores, mas um dos principais é a ideia que está por de trás da festa, hoje, tão em voga em nossa sociedade.

Afinal, Pachamama (também escrito “Pacha mama”) é uma deidade mais importantes das religiões quéchua e aimará: trata-se da “Mãe da Terra” (em tradução livre). Logo, as festas e rituais seriam uma forma de celebrar a vida, a prosperidade, e agradecer pelas benesses recebidas pela divindade ancestral.

Mas essa é uma explicação simplificada, de algo muito mais antigo do que a América hispânica e que hoje volta a atrair a atenção do público. Você sabe o que são as festas de Pachamama? Sabe por que, hoje, elas são tão citadas e comemoradas, mesmo fora da América Andina?

Para entender melhor, leia nosso artigo.

 

Rituais quéchuas no passado

A ideia de Pachamama vem das antigas religiões quéchuas, que consideravam que a deidade era a grande criadora de tudo, e como tal, a responsável pela fertilidade, tanto da terra, quanto dos seres vivos.

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Assim, anualmente, eram feitas celebrações para essa deusa, aproximadamente no final de julho, a fim de se agradecer por suas bençãos, e pedir para que o sucesso das colheitas e criações fosse mantido.

Nesse ritual, havia oferta de alimentos especiais (como batatas e folhas de coca), bebidas, esculturas, cantos e danças – mas também sacrifícios humanos e animais, comuns aos povos andinos pré-colombianos.

Com as invasões espanholas, os festivais de Pachamama (bem como todos os outros), foram proibidos, e os indígenas, forçados a conversão cristã.

A celebração ficou registrada, durante séculos, como um mero registro histórico da cultura andina antiga. Isso mudou no século 20.

 

Os rituais de Pacha mama hoje

A partir de meados do século 19, os movimentos de independência de países latinos retomaram ícones dos povos fundadores, para reforçarem a identidade nacional.

No século 20, a partir dos 60, eles foram sendo revitalizados, por antropólogos e autoridades espirituais. O aspecto religioso em si é de ordem subjetiva. Dos fatos objetivos, temos pelo menos dois pontos.

O primeiro é, sem dúvida, a formação de uma consciência crítica, a respeito dos indígenas. Se hoje esses direitos são mínimos, naquela época eram inexistentes.

O segundo motivo foi o discurso ecológico e de sustentabilidade, que começou naquelas décadas, foi sendo reforçado e hoje é uma pauta urgente, quando pensamos em desenvolvimento.

O significado da festa e a cosmologia quéchua começaram a ser utilizados, também, para propagar um discurso de respeito e equilíbrio com o meio ambiente, e pertencimento à natureza.

Hoje, países andinos fazem festas de Pachamama dia 1º de agosto, procurando o máximo de fidelidade às tradições – mas sem sacrifícios humanos, claro!

Assim, além do turismo e da exaltação de povos indígenas, as festas ganharam um aspecto político, que ultrapassou a América Latina, e a figura de Pachamama virou uma metonímia para a preservação ambiental.

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