O sistema Braille – o que é e como funciona na prática
Saiba qual é a sua importância para a inclusão de pessoas com deficiência visual.

Você sabe o que é Braille? A inclusão de pessoas com deficiência visual na sociedade depende de diversas ferramentas, e uma das mais importantes é o sistema Braille. Criado no século XIX por Louis Braille, esse sistema de escrita e leitura tátil revolucionou a acessibilidade, permitindo que milhares de pessoas ao redor do mundo tenham autonomia para ler, estudar e se comunicar. Mas como, exatamente, o Braille funciona? Neste artigo, vamos explorar o que é esse sistema, como ele é aplicado no dia a dia e sua importância para a acessibilidade.
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O sistema Braille
O sistema Braille é um método de leitura e escrita tátil desenvolvido para proporcionar acessibilidade a pessoas com deficiência visual, seja parcial ou total. Criado pelo francês Louis Braille no século XIX, o sistema foi oficialmente reconhecido em 1843 e hoje é adotado em diversos países, com pequenas variações regionais.
Sua estrutura é baseada em caracteres em relevo compostos por seis pontos organizados em duas colunas de três, permitindo que os leitores identifiquem letras, números e símbolos por meio do tato. No Brasil, o Braille foi introduzido por José Álvares de Azevedo, que estudou no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris e trouxe o sistema para o país. A partir disso, em 1854, foi fundado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, como um marco para a educação inclusiva.
A leitura do Braille é feita da esquerda para a direita, podendo ser realizada com uma ou ambas as mãos. Embora seja um sistema amplamente reconhecido por sua importância na inclusão social, a escrita em Braille exige um processo mais complexo. Ainda assim, sua contribuição para a autonomia de pessoas cegas é inegável, permitindo-lhes acessar informações e ampliar suas possibilidades de aprendizado e comunicação.
Louis Braille nasceu em Coupvray, França, em 1809, e perdeu a visão aos cinco anos de idade. Seu objetivo ao criar o sistema era proporcionar um método mais eficiente de ensino para pessoas cegas. Ele faleceu em 1852, sem testemunhar a ampla adoção de sua invenção, que até hoje transforma vidas ao redor do mundo.
O que é o sistema?
O sistema Braille é um método de leitura e escrita tátil desenvolvido para pessoas com deficiência visual. Esse código em relevo permite a representação de letras, números, símbolos, pontuações e outros sinais que auxiliam na interpretação de informações por quem não enxerga. É o sistema mais amplamente adotado no mundo para a acessibilidade de pessoas cegas.
A leitura é feita por meio do toque das mãos, onde o leitor reconhece os caracteres dispostos em padrões de seis pontos organizados em duas colunas de três. Essa estrutura possibilita diferentes combinações, resultando na formação de letras, números e outros sinais gráficos. No total, o Braille apresenta 63 símbolos distintos, mas, considerando o espaço vazio como um elemento adicional, o sistema pode ser descrito como composto por 64 sinais possíveis.
No Brasil, o sistema mantém a base original, mas adaptações foram feitas para incluir vogais acentuadas e outros caracteres específicos da língua portuguesa. Além disso, há normas padronizadas para o uso de letras maiúsculas e minúsculas, abreviações, siglas e combinações entre números e letras.
A criação do Braille
Antes do Braille se tornar o sistema amplamente reconhecido que conhecemos hoje, diversas tentativas foram feitas para criar um método eficiente de leitura tátil. Louis Braille trabalhou no aprimoramento dessas ideias junto a colegas e estudiosos com o objetivo de facilitar o acesso de pessoas cegas ao conhecimento.
Uma das maiores influências foi o sistema desenvolvido por Charles Barbier de la Serre, um capitão do exército de Luís XIII. Ele criou um código de sinais em relevo chamado “sonografia”, usado para que soldados recebessem ordens no escuro. Apesar de inovador, o método era complexo e dificultava a memorização, pois usava um grande número de sinais para formar uma única palavra.
Ao identificar essas limitações, Louis Braille começou a desenvolver um sistema mais prático e intuitivo, capaz de representar letras, pontuações e números de maneira eficiente. Em 1824, aos 15 anos, ele concluiu a base de seu método. Nos anos seguintes, continuou aperfeiçoando-o e publicou obras como Pequena Sinopse de Aritmética para Principiantes (1838) e Novo Método para Representação por Sinais de Formas de Letras, Mapas, Figuras Geométricas e Símbolos Musicais para Uso de Cegos (1839). Neste último, ele utilizou o termo “grafia pontilhada”, que foi rapidamente aceito pelos alunos, tornando-se um avanço essencial na comunicação acessível.
Embora o método tenha sido bem recebido por estudantes cegos, muitos professores conservadores resistiram à adoção do Braille e continuaram utilizando o sistema desenvolvido por Valentin Haüy. Somente em 1843, quando o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris mudou sua sede e passou a ser administrado por um novo diretor, o Braille foi oficialmente reconhecido. A partir daí, sua disseminação pela Europa se intensificou, consolidando-se como o principal sistema de escrita e leitura para pessoas com deficiência visual.