Tipos de narrador: focos narrativos, 1ª e 3ª pessoa e mais
Entenda como cada estilo influencia a narrativa e a conexão com os personagens em sua história.
Você sabia que os tipos de narradores são limitados, mas frequentemente causam confusão entre as pessoas? Eles aparecem nas narrativas, que são relatos de eventos, reais ou imaginários, organizados em uma sequência cronológica e que incluem cenas e personagens distintos.
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Um aspecto essencial desse tipo de texto é a voz narrativa, ou o narrador, que pode assumir diversas perspectivas ao narrar a história, seja como uma testemunha, um personagem, ou até mesmo como uma “consciência” que observa diferentes cenários dentro do mesmo enredo.
Os tipos de narrador
É inegável que a narração tem sido um elemento crucial na trajetória da humanidade, servindo tanto para documentar eventos contemporâneos e históricos, como um encontro divertido entre duas pessoas, experiências cotidianas, ou até mesmo a descoberta de uma civilização antiga.
Durante a vida, as pessoas muitas vezes se tornam narradoras, construindo histórias ao organizar os eventos em sequência cronológica e ressaltando os aspectos que julgam mais importantes para o desenrolar do enredo. Essa capacidade de contar histórias é frequentemente utilizada para tornar os relatos mais envolventes e atraentes.
Mas e os tipos?
A escolha do ponto de vista narrativo correto tem um impacto profundo na experiência do leitor e na forma como a história é interpretada. Cada tipo de foco narrativo oferece benefícios e desafios distintos, por isso a seleção apropriada deve levar em conta os objetivos do autor e a essência da história. A capacidade de escolher e manipular esse aspecto é uma ferramenta crucial para escritores que desejam criar narrativas envolventes e fascinantes.
Em primeira pessoa
O narrador em primeira pessoa oferece uma das experiências mais íntimas e imersivas na literatura. Neste estilo de narrativa, um dos personagens conta a história usando pronomes como “eu” e “meu” para se referir a si mesmo. Esse narrador participa diretamente dos eventos do enredo e compartilha suas experiências, pensamentos, emoções, sentimentos e percepções com o leitor.
Uma das características mais distintivas do narrador em primeira pessoa é a sua subjetividade. Como tudo é visto através da perspectiva do narrador, o leitor obtém um acesso direto aos pensamentos e emoções desse personagem. Isso cria uma conexão profunda entre o leitor e o narrador, permitindo uma imersão intensa na mente do personagem. Para lidar com a questão da parcialidade, muitos autores optam por uma abordagem criativa: utilizam múltiplos narradores em primeira pessoa para narrar os capítulos. Essa técnica possibilita a exploração de diferentes pontos de vista sem a necessidade de mudar a estrutura narrativa.
Veja um exemplo de uma narração em primeira pessoa e analise as características:
“Eu nunca vou esquecer o dia em que conheci a Julia. Era uma tarde nublada de outono, e eu estava sentado no banco de um parque, tentando ler um livro que, para ser honesto, não estava conseguindo me prender. Eu olhava para as páginas, mas minha mente estava a mil. Foi quando ela apareceu, com um sorriso que parecia brilhar mais do que o próprio sol escondido pelas nuvens.
Ela sentou-se ao meu lado sem pedir licença, como se já me conhecesse há anos, e começou a falar sobre o tempo. No início, achei um pouco estranho, mas logo me vi rindo das piadas bobas que ela fazia sobre o vento que bagunçava seu cabelo. Havia algo na maneira como ela falava, uma mistura de leveza e sinceridade, que fez com que eu me sentisse imediatamente à vontade.”
Em terceira pessoa
O narrador em terceira pessoa é uma das formas mais utilizadas para contar histórias. Neste tipo de narrativa, uma voz externa, que não faz parte da trama, descreve os eventos e ações dos personagens. Esse narrador pode ser um observador neutro, relatando os fatos de maneira imparcial, ou ter diferentes níveis de acesso aos pensamentos, sentimentos e motivações dos personagens, dependendo do estilo narrativo escolhido pelo autor.
- Limitado
Neste caso, o narrador concentra-se em um único personagem principal, descrevendo os eventos do ponto de vista desse personagem e revelando seus pensamentos, sentimentos e percepções. Embora o narrador não seja parte ativa da história, ele tem acesso ao “interior” do personagem escolhido, geralmente o protagonista. Isso permite uma conexão próxima com a experiência desse personagem, ao mesmo tempo em que mantém uma certa distância em relação aos outros personagens.
- Onisciente
O narrador onisciente, por outro lado, tem conhecimento completo de todos os personagens e eventos da história. Ele pode acessar os pensamentos, emoções e motivações de qualquer personagem e revelar detalhes que os próprios personagens ainda não conhecem. Esse tipo de narrador oferece uma visão abrangente e detalhada da narrativa.
Veja um exemplo de uma narração em terceira pessoa e analise as características:
“Ana caminhava lentamente pelo parque, com os pés descalços sentindo a grama úmida sob o orvalho da manhã. O sol nascia no horizonte, pintando o céu com tons de rosa e laranja, e ela respirava profundamente, apreciando a quietude daquele momento. Apesar da paz ao seu redor, sua mente estava longe dali, perdida em pensamentos sobre o que havia acontecido na noite anterior. As palavras ditas por Pedro ecoavam em sua cabeça, misturando-se ao som distante das aves que começavam a cantar.”