Alô, estudante: confira a definição de “palavra” na linguística

Explore os critérios fonológicos e sintáticos que ajudam a identificar o que constitui uma palavra em diferentes contextos.

Embora as palavras façam parte do cotidiano de todas as pessoas de maneira concreta, seu significado nem sempre é tão evidente quanto parece. Na linguística, a definição de “palavra” requer a adoção de critérios específicos. Em outras palavras, essa ciência estabelece parâmetros rigorosos para definir com precisão as unidades que compõem seu objeto de estudo. Assim, perceber o que realmente constitui uma palavra não é algo simples, seja para os falantes comuns, seja para os estudiosos da área. A seguir, exploremos mais a fundo os detalhes dessa definição.

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Definição de “palavra” na linguística

Mas o que é?

De maneira geral, o termo “palavra” refere-se a um item lexical que pode ser encontrado nos dicionários, ao qual é atribuído um significado de acordo com as normas ortográficas vigentes. Em outras palavras, uma palavra é uma unidade que possui um sentido dentro de uma frase ou texto; no entanto, a definição de “palavra” pode ser compreendida de forma mais ampla, destacando-se características como: um conjunto de letras, uma representação gráfica da fala, uma forma de comunicação, um código ou até mesmo uma unidade sintática.

Essas definições, contudo, são construções que desenvolvemos ao longo de nossas vidas e podem variar de acordo com o contexto. Para os linguistas, a palavra é um objeto de estudo em várias dimensões da língua. Na dimensão escrita, por exemplo, uma palavra é delimitada por espaços em branco ou por sinais de pontuação. Já na fala, até as pausas podem indicar a presença de uma ou mais palavras, sendo que pronomes átonos, artigos e preposições frequentemente são articulados em conjunto com os termos a que se referem.

Diante dessa complexidade, é mais adequado adotar critérios semânticos, fonológicos e sintáticos para uma definição mais precisa. A seguir, vamos explorar cada um desses critérios na linguística em detalhes!

De acordo com o critério semântico 

A semântica é um campo da linguística responsável por analisar e explicar o significado das palavras e das sentenças. Em outras palavras, sua função é examinar a relação entre o significado e o significante. O significado refere-se ao conteúdo, sentido e contexto das expressões, enquanto o significante está relacionado à forma, como palavras, símbolos, grafias e sons que usamos para representar esses significados.

Entretanto, utilizar apenas o critério semântico para definir o conceito de “palavra” pode ser insuficiente. Isso ocorre porque, em algumas línguas, como as isolantes, cada palavra tem um único significado, enquanto nas línguas polissintéticas, uma palavra pode abarcar o conteúdo de uma frase inteira. Portanto, o critério semântico, por si só, não é adequado para delimitar de forma precisa o que constitui uma “palavra”.

De acordo com o critério fonológico

A fonologia, um dos ramos da linguística, dedica-se ao estudo dos sons presentes nas línguas, ou seja, dos fonemas que as compõem; no entanto, embora esse aspecto seja relevante, ele por si só não é suficiente para definir o que constitui uma “palavra”. Isso ocorre porque uma mesma palavra pode ser pronunciada de diversas maneiras, o que gera uma ampla variação na quantidade de sons emitidos.

Além disso, os diferentes significados que uma palavra pode assumir com base em sua pronúncia são consideráveis, o que demonstra que o critério fonológico, isoladamente, oferece uma contribuição limitada para a definição clara de “palavra”.

De acordo com o critério sintático

A sintaxe, área da linguística responsável pelo estudo de como as palavras se combinam para formar frases, oferece um critério importante para a definição de “palavra”; no entanto, para identificar se uma sequência de sons constitui ou não uma palavra, é necessário analisar sua função dentro de um enunciado. Um dos pontos a serem observados é se o som pode ser usado como resposta mínima a uma pergunta e se é capaz de assumir diferentes posições dentro de uma estrutura sintática.

Veja o exemplo:

– O que Tadeu comprou no shopping?
– Livros!

Tadeu comprou livros no shopping.

Livros foram comprados por Tadeu no shopping.

Nesse caso, “livros” pode ser isolado como resposta e aparece em diferentes posições nas frases. Elementos como pronomes, conjunções e preposições, apesar de serem classificados como palavras, não podem ser isolados dessa forma ou ocupar várias funções sintáticas, o que dificulta sua categorização.

Para que algo seja considerado uma palavra, deve cumprir esses dois requisitos: ser uma resposta mínima e poder ocupar várias posições sintáticas.

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