Hora literária – os 5 principais poemas da literatura portuguesa

Você encontrará autores como Camões, Pessoa e Florbela Espanca. Será uma viagem pela poesia lusitana!

A poesia portuguesa atravessa séculos de tradição, encantando leitores com sua musicalidade, profundidade emocional e reflexões sobre o tempo, o amor e a identidade. Desde os trovadores medievais até os modernistas do século XX, a literatura lusitana produziu versos que marcaram a história e influenciaram escritores em todo o mundo. Hoje, nós exploramos cinco dos mais icônicos poemas da literatura portuguesa, revelando suas nuances e a genialidade por trás de cada composição.

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Principais poemas da literatura portuguesa

Luís de Camões, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca e Almada Negreiros são apenas alguns dos grandes nomes que ajudaram a moldar a poesia portuguesa ao longo dos séculos. A produção literária de Portugal não apenas enriqueceu a língua, mas também influenciou escritores em diversas partes do mundo; no entanto, apesar das conexões linguísticas e culturais entre Portugal e Brasil, a troca literária entre os dois países nem sempre ocorre de maneira ampla.

E para aproximar você desse universo poético que tanto inspirou a literatura brasileira, selecionamos cinco poemas marcantes da literatura portuguesa. Dos trovadores medievais aos modernistas do século XX, esta seleção oferece um panorama da riqueza e diversidade da poesia lusitana.

Ao Desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.

Luís Vaz de Camões

Hora literária – os 5 principais poemas da literatura portuguesa (Foto: Unsplash).
Hora literária – os 5 principais poemas da literatura portuguesa (Foto: Unsplash).

Cantiga, partindo-se

Senhora partem tão triste
Meus olhos por vós, meu bem
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes os tristes,
Tão fora de esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

Garcia de Resende

Último Soneto

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste…
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi…

Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava…

E fugiste… Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?…

Mário de Sá-Carneiro

Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa

Amor que morre

O nosso amor morreu… Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria…
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre… e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia…

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!

Florbela Espanca

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