Por que dizemos o mesmo duas vezes? Redundâncias escondidas na fala!
Estas frases fazem parte do nosso dia a dia mais do que imaginamos!
Quem nunca se deparou com uma expressão redundante, como “vi com meus próprios olhos”, que atire a primeira “labareda de fogo”! Certas expressões, cheias de informações duplicadas, fazem parte do vocabulário cotidiano. O curioso é que poucas pessoas percebem o quanto essas construções podem ser repetitivas. Talvez seja porque, apesar de parecerem desnecessárias, essas frases dão um toque de ênfase ou dramatismo. É como um “protagonista principal” que não sai de cena, insistindo em chamar atenção. Assim, palavras vão se empilhando, formando um verdadeiro sanduíche de… palavras repetidas!
A seguir, você irá conhecer algumas redundâncias mais comuns e entender por que elas continuam sendo usadas com tanta frequência. Será que têm algum propósito legítimo ou estão ali apenas para ocupar espaço, como “exportar para fora” algo que já estava, obviamente, do lado de fora? Veja!
1. Vi com meus próprios olhos
Essa expressão é praticamente um ícone da redundância. Quando alguém diz que “viu com seus próprios olhos”, é como se estivesse certificando que não houve nenhum empréstimo de olhos alheios. No entanto, o ato de ver já implica o uso dos olhos. Ninguém jamais afirmou “vi com os olhos de outra pessoa” (pelo menos, não de maneira literal). Mas, ainda assim, muitas pessoas usam essa frase completa, talvez como uma maneira de enfatizar a autenticidade do que viram. Parece uma maneira de assegurar que o evento foi presenciado de forma pessoal e intransferível.
2. Viúva do defunto
Ao se referir a uma mulher como viúva, já está implícito que o cônjuge faleceu. Portanto, não há necessidade de acrescentar “do defunto”, já que seria impossível ser viúva de alguém ainda vivo. Essa redundância parece buscar um efeito dramático, reforçando a gravidade da situação, como se a morte por si só não fosse suficientemente trágica.
3. Países do mundo
Dizer “países do mundo” soa como uma aula de geografia tentando esclarecer que os países estão, de fato, no planeta Terra e não em outro lugar do universo. Todos os países que estão no mundo, então a expressão poderia muito bem ser apenas “países”. Talvez seja uma tentativa de soar mais universal, como se existisse a possibilidade de haver países em outros planetas que ainda não se conhece.
4. Hábitat natural
A palavra “hábitat” já se refere ao local onde uma espécie vive, e por definição, este lugar é natural. Um “hábitat artificial” poderia ser uma jaula em um zoológico, mas mesmo nesse caso, ainda se usaria a palavra hábitat. Dizer “hábitat natural” é como falar de um “gato felino” ou de um “peixe aquático”. A expressão reforça algo que já é óbvio pela própria definição da palavra, sem acrescentar nenhuma informação relevante.
5. Consenso geral
Consenso já significa que há um acordo geral, então adicionar “geral” à frase é outra redundância. Não existe um consenso que não seja compartilhado por todos os envolvidos.
6. Labaredas de fogo
Se são labaredas, é porque envolvem fogo. Simples! Não há labaredas de gelo, por exemplo. Ainda assim, a expressão “labaredas de fogo” é comumente usada, talvez para reforçar a sensação de perigo ou dramaticidade. Mesmo que as labaredas já tragam à mente a imagem de chamas intensas, o complemento “de fogo” parece querer garantir que ninguém tenha dúvidas sobre o que está sendo descrito.
7. Planos para o futuro
No mundo corporativo, é comum ouvir falar de “planos para o futuro”. No entanto, planejar algo implica automaticamente que está se pensando em ações futuras. Não existe planejamento para o passado, a menos que estejamos em um filme de ficção científica. Portanto, o “para o futuro” é desnecessário. No entanto, a expressão sobrevive, talvez por medo de que alguém possa confundir a temporalidade do planejamento.
8. Baseado em fatos reais
Quando se fala em “fatos”, já se está falando de algo real, pois um fato, por definição, é algo que aconteceu de verdade. No entanto, a expressão “baseado em fatos reais” é frequentemente utilizada em filmes e documentários, talvez para conferir mais credibilidade à história contada. Dizer apenas “baseado em fatos” já seria suficiente, mas a adição de “reais” parece querer garantir que não estamos entrando no terreno da ficção.
9. Exportar para fora
Exportar já significa enviar algo para fora de um país, então “exportar para fora” é uma redundância evidente. Seria possível exportar para dentro? A expressão provavelmente surgiu para reforçar a ideia de que a ação envolve um envio internacional, mas, na prática, é totalmente desnecessária.
10. Protagonista principal
O protagonista, por definição, é o personagem principal de uma história. Dizer “protagonista principal” é como dizer “líder chefe”. Não há necessidade de reforçar o que já está implícito na palavra. Essa redundância talvez tenha surgido para destacar a importância do personagem, mas acaba sendo apenas uma repetição inútil.
11. Certeza absoluta
Certeza já é certeza, não há níveis de certeza. No entanto, a expressão “certeza absoluta” é frequentemente usada para reforçar que não há dúvida alguma. Parece que, para algumas pessoas, apenas a palavra “certeza” não é suficiente para transmitir total confiança. Assim, surge essa redundância enfática, que tenta dar mais força a uma palavra que já é suficientemente forte por si só.
12. Metades iguais
Quando algo é dividido em duas metades, automaticamente essas partes são iguais. Caso contrário, não seriam metades. Mesmo assim, algumas pessoas ainda sentem a necessidade de especificar “metades iguais”, como se houvesse possibilidade de uma metade ser maior que a outra.
13. Criar novos
O ato de criar já implica novidade, afinal, ninguém cria algo que já existe. Dizer “criar novos” produtos ou projetos é uma redundância que tenta enfatizar o que já está claro no próprio verbo.
14. Hemorragia de sangue
Esse é um campeão de redundância. “Hemorragia” já indica a perda de sangue, então dizer “hemorragia de sangue” é como especificar que água é molhada. Não existe hemorragia de outra substância que não seja sangue. Talvez quem use a expressão esteja preocupado que o ouvinte pense em outro tipo de fluido corporal, mas, na verdade, uma simples “hemorragia” já comunica a mensagem com clareza.
15. Experiência anterior
Se algo é uma experiência, é porque já foi vivenciado antes. Assim, “experiência anterior” é um pleonasmo que tenta reforçar a ideia de que a pessoa já passou por aquela situação.