Por que ler Machado de Assis, hoje?

 

O principal escritor da Literatura Brasileira de todos os tempos é Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908). Suas obras, sejam os contos, sejam os romances sempre caem em vestibulares e concursos, e ainda hoje ocupam milhares de matérias e dissertações em universidades.

E por quê? A resposta não é exatamente simples. Mas entender os motivos que levam as pessoas a continuarem a ler suas obras, mesmo depois de tantos anos de suas publicações, ajuda a entender essa “fama”.

Mais do que isso, entender o porquê de Machado de Assis ser lido, ainda hoje, e ser estudado e ser cobrado em concursos é, também, entender sua obra.

Sua linguagem, de fato, não é fácil para os dias de hoje. Mas, se você pegar os pontos-chave de seus romances e conhecer os enredos, a compreensão fica bem mais fluída.

Assim, elencamos aqui 3 aspectos da obra de Machado de Assis, que fazem ela ser importante de ser lida, e estudadas, ainda hoje.

 

1.      Um escritor da psicologia humana

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O principal ponto da obra de Machado de Assis é a carga psicológica de sua escrita. Suas personagens, por suas falas, olhares e comportamentos corporais, dizem muito mais sobre si, do que uma leitura inicial indica.

Claro que é uma obra literária, então, muita coisa (em linguagem corporal, principalmente) é sugerido por outras personagens, e pelos narradores. Entretanto, essas sugestões são reveladoras. E claro, são alvo de diversas leituras e discussões.

Os exemplos mais notáveis são, claro, de Bentinho em Dom Casmurro e dos irmãos Pedro e Paulo em Esaú e Jacó. As ambiguidades nas falas, os gestos, os olhares captados pelos narradores: tudo é passível de um questionamento e dúvida.

 

2.      Um crítico mordaz da burocracia

Um dos pontos da obra de Machado de Assis que é pouco comentada pelos críticos, é no que se refere à sua crítica à burocracia brasileira, algo que existe no país desde os primeiros anos de formação dele.

Vários de seus contos, como por exemplo O espelho, o peso das instituições e sua relação com a sociedade de sua época, é trabalhado com ironia e certa mordacidade. Em Brás Cubas, podemos identificar diversos momentos onde a seriedade e idoneidade de funcionários públicos é posta em cheque.

 

3.      Uma visão sobre o racismo brasileiro

Durante algum tempo, pensou-se que Machado de Assis não abordava o problema da escravidão no Brasil, com medo de ser atacado por frentes pró-escravatura.

Uma enorme injustiça com o escritor, já que ele um escritor negro-brasileiro (cujo pai era negro de pele clara, e a mãe branca), era um ferrenho abolicionista.

A grande questão aqui é que o posicionamento de Machado de Assis é sútil. O ataque dele, na maioria das obras não é ao racismo explicito (escravizados sendo espancados, mulheres sendo barbarizadas, e similares), e sim ao racismo implícito.

Situações, como o caso da criança negra servindo de cavalo em Brás Cubas e as opiniões contundentes de personagens variadas são comentadas e refutadas por personagens abolicionistas.

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