Por que tantas pessoas estão deixando essas 10 profissões no Brasil?
Entenda o motivo que leva baixa procura por estas profissões
Nos últimos anos, algumas profissões no Brasil têm registrado uma diminuição significativa no número de profissionais interessados. A pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela as ocupações menos desejadas pelos trabalhadores brasileiros.
O estudo, encomendado pelo Jornal Estadão, analisou 231 profissões que compõem a maior parte dos empregos formais no país. Dessas, 29 apresentaram um saldo negativo de admissões. Ou seja, há mais pessoas deixando esses cargos do que entrando. A seguir, entenda melhor o que está por trás dessa mudança e por que certas profissões perderam a atratividade.
Profissões menos desejadas no Brasil
A pesquisa apontou diversas profissões que têm registrado baixa procura e, consequentemente, uma escassez de candidatos. Entre essas, muitas estão associadas a baixos salários, trabalhos repetitivos e condições de trabalho desafiadoras. Entre as ocupações que os brasileiros estão deixando para trás, destacam-se:
- Motorista de ônibus urbano
- Gerente de restaurante
- Supervisor de telemarketing e atendimento
- Conferente de carga e descarga
- Operador de empilhadeira
- Costureiro na confecção em série
- Operador de máquinas fixas
- Apontador de produção
- Professor de ensino superior em áreas práticas
- Costureiro especializado em máquina
Essas profissões, além de apresentarem remunerações mais baixas, exigem longas jornadas de trabalho, muitos horários irregulares e atividades repetitivas. Por esse motivo, muitas pessoas têm optado por buscar alternativas mais flexíveis e que ofereçam melhores condições de trabalho.
Causas principais da baixa procura por essas profissões
Existem várias razões pelas quais essas profissões estão ficando menos populares entre os trabalhadores brasileiros. Em primeiro lugar, a pandemia de COVID-19 teve um papel fundamental nesse cenário. Durante o período de isolamento social, muitos profissionais descobriram que era possível trabalhar de formas mais autônomas, como o trabalho remoto, ou até mesmo em profissões mais flexíveis, como o freelancer. Isso gerou uma mudança de comportamento em relação à busca por empregos tradicionais.
Além disso, as condições de trabalho em algumas dessas profissões também estão em declínio. A pressão por resultados, os salários baixos e a pouca qualificação exigida para os cargos são fatores que desmotivam os trabalhadores a permanecer nessas funções. Com o aumento da oferta de opções de trabalho flexíveis, muitos preferem explorar outras áreas ou buscar oportunidades em setores mais dinâmicos.
O desaparecimento de benefícios em algumas profissões também contribui para o afastamento de profissionais dessas áreas. Por exemplo, trabalhadores como motoristas de ônibus urbano e operadores de telemarketing enfrentam jornadas longas, muitas vezes sem benefícios como vale-refeição ou planos de saúde, o que torna o trabalho menos atraente. Além disso, as baixas no salário têm sido frequentes nesses setores, dificultando ainda mais a permanência dos trabalhadores nessas funções.
A busca por flexibilidade e melhores condições de trabalho
Uma das principais razões que explicam essa mudança no mercado de trabalho é a busca por flexibilidade. Os trabalhadores brasileiros estão cada vez mais buscando empregos que ofereçam mais controle sobre o seu tempo e menos imposições rígidas. Carreiras que permitem o trabalho remoto ou que não exigem horários fixos são extremamente valorizadas. Nesse contexto, funções como freelancer, consultoria e até startups se tornaram opções mais atrativas.
Outro fator relevante é o avanço da tecnologia e da automação. Com o crescimento das novas tecnologias, muitas funções que antes eram desempenhadas manualmente começaram a ser substituídas por máquinas ou softwares. O setor de panificação, por exemplo, tem visto a automação como uma ameaça aos postos de trabalho, principalmente porque as máquinas agora fazem a maior parte do trabalho repetitivo. Assim, muitos profissionais que antes ocupavam essas funções agora optam por se reinventar ou buscar alternativas mais flexíveis.
Profissões mais afetadas pela automação
A automação tem um impacto direto em várias profissões, principalmente aquelas que envolvem tarefas repetitivas e operacionais. Como resultado, algumas vagas acabam desaparecendo ou se tornando menos atrativas para os trabalhadores. Um exemplo claro disso são os operadores de máquinas fixas e costureiros na confecção em série. Essas funções, que demandam trabalho repetitivo e pouca qualificação, estão sendo cada vez mais automatizadas, o que gera uma diminuição na demanda por profissionais dessas áreas.
Por outro lado, setores como a tecnologia estão em constante crescimento. As empresas buscam por profissionais que possuam habilidades em áreas como desenvolvimento de software, gestão de dados e análise de sistemas, áreas que oferecem mais flexibilidade e melhores perspectivas de remuneração.
Impactos para o mercado de trabalho e para as profissões tradicionais
A tendência de redução no interesse por determinadas profissões tem impactos significativos no mercado de trabalho. Embora a oferta de empregos em setores como telemarketing e transporte urbano continue alta, a demanda por essas vagas tem diminuído. Isso ocorre porque muitos trabalhadores estão preferindo explorar outras opções mais modernas ou flexíveis.
Entretanto, é importante destacar que, embora essas profissões estejam perdendo a atratividade, elas ainda são essenciais para o funcionamento de muitos setores. A indústria e o comércio dependem de funções como conferentes de carga, operadores de empilhadeira e motoristas de ônibus. No entanto, esses cargos precisam passar por mudanças em suas condições de trabalho, como a melhoria salarial e a oferta de benefícios, para atrair novos profissionais.
O futuro do mercado de trabalho no Brasil
As transformações que o mercado de trabalho brasileiro está passando devem continuar. Com o avanço da automação e a crescente busca por mais qualidade de vida e autonomia, muitas profissões tradicionais precisam se adaptar para continuar atraindo profissionais qualificados. Profissões como professor de ensino superior e gerente de restaurante têm enfrentado dificuldades em preencher vagas devido às condições de trabalho desafiadoras. Portanto, é essencial que o setor público e privado invistam em melhorias para tornar essas profissões mais atraentes.
Além disso, a tecnologia deve continuar moldando o futuro do trabalho. Profissões relacionadas à inovação e à sustentabilidade devem crescer cada vez mais, enquanto áreas mais tradicionais precisarão se reinventar para sobreviver às mudanças.