Por que usar a nostalgia em campanhas publicitárias?
Recentemente, estreou a nova temporada da série Stranger Things do Netflix. Uma série que mistura terror, aventura, ficção científica e, também, questões mais “mundanas”, como sentimentos, preconceitos e amadurecimento.
E, mais do que uma diversão, a série traz uma tendência de mercado que pode ser extremamente eficiente, quando pensamos em campanhas de marketing: a nostalgia.
Isso porque a série passa nos anos 80, e traz diversas referências, situações e chavões dessa época. Há música, moda, filmes, alusões à guerra fria, dentre outros.
“Nostalgia” é o sentimento de saudades de uma época anterior à nossa, seja em termos de referências culturais, sociais, políticas ou econômicas. Ocasionalmente, a nostalgia são as saudades, inclusive, de uma época que nós mesmos não vivemos.
Basta vermos, por exemplo, uma campanha de uma cervejaria brasileira que fazia alusão aos primeiros anos da fábrica, na década de 1900.
Então, quais são os segredos da nostalgia?
1. Uma visão de mundo idealizada
A nostalgia é uma visão idealizada, romântica, perfeita. Ninguém sente nostalgia da crise econômica que assolava o Brasil nos anos 70-80, mas quase todo mundo nutre um sentimento profundo por Sonia Braga em Dancing Days.
É porque a nostalgia lida com uma visão parcial da realidade. Ela lida com aquilo que deu certo. logo, quando fazemos uso de nostalgia, é sobre isso que estamos falando: um mundo “perfeito”.
Perfeito, em termos: estamos focando naquilo que era bom. Ainda: aquilo que era bom, e que hoje continua bom. Claro que há pessoas que sentem nostalgia de coisas ruins – é porque esse elemento danoso não as afetava.
Usar esse sentimento de saudades, em publicidade, é um recurso de vendas poderosíssimo.
2. Respostas prontas
Outra questão principal da nostalgia é a questão das respostas. Como assim?
Pensemos hoje em dia: não sabemos o que vai acontecer no ano que vem. Logo, não sabemos como deveremos agir, perante as transformações do mundo.
Na nostalgia isso não acontece. Quando vemos uma campanha de publicidade sobre a Guerra Fria, por exemplo, sabemos o resultado – o mundo não estourou em uma guerra nuclear, tudo “deu certo” no final.
Isso dá uma sensação de segurança.
Instintivamente, nos ligamos aquilo que oferece segurança. Estar seguro é sobreviver e sobreviver é uma resposta dos instintos, anterior à própria linguagem.
Se algo transmite segurança, queremos isso em nossa vida. Esse componente é uma peça-chave na publicidade.
3. Saudades da infância
Somando isso tudo, temos a saudades da infância.
Por que a infância é tão nostálgica? Porque nessa época, poucos tinham as obrigações que os adultos têm. A infância é a época da inocência, das descobertas, das irresponsabilidades veniais.
Sabe a frase em inglês “Boys will be boys” (meninos serão sempre meninos)? É essa ideia: na infância não há responsabilidades, só diversões.
Na infância (e no fim dela) tudo parece “mágico”. Tudo é uma descoberta. Os sentimentos são novos. Temos, ainda, a segurança de nossos pais, o escopo da família.
Esse tipo de saudosismos também é uma peça-chave na publicidade.