Português em foco: “pára” ou “para”?

Você já parou para pensar qual é a forma correta ou se há diferença entre elas?

Muitas vezes, ao escrever, nos deparamos com pequenas dúvidas que podem causar grandes confusões. Um exemplo clássico disso é a questão entre “pára” e “para”. Apesar de serem palavras tão simples e comuns, a dúvida sobre a forma correta de escrevê-las ou se ambas realmente existem ainda persiste. Você já parou para pensar qual é a forma correta ou se há diferença entre elas? Afinal, o correto é “pára” ou “para”? As duas grafias estão corretas?

“Pára” ou “para”?

Em 1990, as nações de língua portuguesa firmaram um tratado internacional chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Este acordo visava padronizar as regras ortográficas do idioma, facilitando a comunicação e o intercâmbio cultural entre as nações lusófonas. Uma das mudanças mais significativas introduzidas pelo acordo foi a eliminação do acento agudo na forma verbal do verbo “parar”.

Antes do Acordo Ortográfico

Antes da implementação do Acordo Ortográfico, a forma verbal do verbo “parar” era escrita com um acento agudo no primeiro “a”, resultando em “pára”. Por exemplo:

  • Ele pára de estudar às 22h.
  • Pára com essa bagunça!

Por outro lado, a preposição “para” era escrita sem acento, como é hoje.

Depois do Acordo Ortográfico

Com a adoção do Acordo Ortográfico, a forma verbal do verbo “parar” passou a ser grafada sem acento, exatamente como a preposição “para”. Portanto, tanto “para” (preposição) quanto “para” (forma verbal) são escritas da mesma maneira, sem acento, não mais existindo o termo “pára”.

  • Ele para de estudar às 22h.
  • Para com essa bagunça!

A Distinção pelo Contexto

Diante dessa mudança, surge a pergunta: como distinguir a preposição “para” da forma verbal “para” do verbo parar? A resposta está no contexto em que a palavra é utilizada.

A Preposição “Para”

A preposição “para” é usada para indicar finalidade, destino, direção ou tempo futuro. Alguns exemplos:

  • Comprei um presente para minha mãe.
  • Estou viajando para o Rio de Janeiro amanhã.
  • Guarde esse dinheiro para as férias.

A Forma Verbal “Para”

Por outro lado, a forma verbal “para” do verbo parar é utilizada em contextos que expressam a ação de interromper ou cessar algo. Veja alguns exemplos:

  • Para de gritar, por favor.
  • Ele parou de fumar há um ano.
  • Precisamos parar para descansar.
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Outras palavras afetadas pelo Acordo Ortográfico

O Acordo Ortográfico de 1990 não se limitou apenas à forma verbal do verbo “parar”. Outras palavras também foram impactadas pela reforma ortográfica, como:

Pêlo/Pelo

Antes do acordo, a palavra “pêlo” (referindo-se aos fios que recobrem o corpo de animais) era escrita com acento circunflexo. Atualmente, escreve-se “pelo”.

Pêra/Pera

Similarmente, a fruta “pêra” perdeu o acento circunflexo, passando a ser grafada como “pera”.

Idéia/Ideia

A palavra “idéia” também sofreu uma alteração, sendo escrita atualmente sem o acento agudo: “ideia”.

Essas mudanças visavam simplificar a ortografia da língua portuguesa, alinhando-a com as tendências modernas de escrita.

Impacto nas Regras Gramaticais

Além das alterações ortográficas, o Acordo Ortográfico de 1990 também trouxe algumas mudanças nas regras gramaticais da língua portuguesa. Por exemplo, o uso do trema (¨) foi abolido do português. A única situação em que o trema será mantido é em nomes próprios estrangeiros e seus derivados, como Hübner, Müller, entre outros.

Desafios na Implementação

Embora o Acordo Ortográfico tenha sido assinado em 1990, sua implementação efetiva levou algum tempo. Cada país lusófono adotou o acordo em momentos diferentes, o que gerou um período de transição e adaptação.

No Brasil, por exemplo, o acordo entrou em vigor oficialmente em 2009, após um longo processo de discussão e aprovação. Durante esse período, houve certa resistência por parte de alguns setores da sociedade, que argumentavam que as mudanças poderiam causar confusão e dificultar o aprendizado da língua.

No entanto, com o passar do tempo, a nova ortografia foi sendo gradualmente incorporada nos materiais didáticos, publicações oficiais e meios de comunicação.

Benefícios do Acordo Ortográfico

Apesar dos desafios iniciais, o Acordo Ortográfico de 1990 trouxe benefícios significativos para a língua portuguesa. Algumas das vantagens incluem:

Padronização

A padronização das regras ortográficas facilitou a comunicação e o intercâmbio cultural entre os países lusófonos. Estudantes, profissionais e escritores podem agora produzir materiais que são facilmente compreendidos em todo o mundo de língua portuguesa.

Simplificação

A eliminação de acentos e regras complexas tornou a ortografia da língua portuguesa mais simples e acessível, especialmente para falantes não nativos e crianças em fase de alfabetização.

Alinhamento com Tendências Internacionais

O Acordo Ortográfico também aproximou a língua portuguesa das tendências internacionais de simplificação ortográfica, observadas em outros idiomas como o inglês e o espanhol.

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