Quais são as profissões com ensino superior mais mal pagas?
Entre as profissões menos remuneradas, os professores ocupam as primeiras posições
No Brasil, diversas profissões que exigem formação superior apresentam remunerações abaixo do esperado, mesmo para profissionais altamente qualificados. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), conduzida pela economista Janaína Feijó, revelou que várias áreas acadêmicas sofrem com salários baixos.
Os dados, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, no segundo trimestre de 2023, destacam a discrepância entre a qualificação dos profissionais e o retorno financeiro recebido.
Professores lideram a lista
Entre as profissões menos remuneradas, os professores ocupam as primeiras posições. Embora tenha havido um aumento nos salários em comparação com 2012, conforme aponta o estudo, a diferença em relação a outras carreiras permanece expressiva. Por exemplo, os professores de ensino pré-escolar recebem, em média, R$ 2.285 por mês, enquanto os professores de artes e música têm rendimentos médios de R$ 2.629 e R$ 3.578, respectivamente. Esses números ilustram um cenário desafiador, especialmente considerando o nível de formação necessário e a importância dessas profissões para a sociedade.
Mesmo com o aumento da escolarização e da capacitação, os rendimentos dos professores continuam abaixo do ideal. Esse quadro desmotiva muitos profissionais e prejudica a atratividade da carreira para novos talentos. Como resultado, a qualidade do ensino e, consequentemente, o desenvolvimento educacional do país podem ser comprometidos.
Outras profissões impactadas
Além dos professores, várias outras áreas apresentam baixos níveis de remuneração, apesar das responsabilidades exigidas e da formação acadêmica dos profissionais. Entre as carreiras destacadas estão assistentes sociais, fonoaudiólogos e bibliotecários. Esses profissionais enfrentam uma combinação de carga de trabalho elevada e salários que não correspondem às demandas de suas atividades.
A seguir, as médias salariais de algumas dessas profissões:
- Professores de ensino pré-escolar: R$ 2.285
- Profissionais de ensino: R$ 2.554
- Professores de artes: R$ 2.629
- Físicos e astrônomos: R$ 3.000
- Assistentes sociais: R$ 3.078
- Bibliotecários e documentaristas: R$ 3.135
- Educadores para necessidades especiais: R$ 3.379
- Profissionais de relações públicas: R$ 3.426
- Fonoaudiólogos: R$ 3.485
- Professores de ensino fundamental: R$ 3.554
- Professores de música: R$ 3.578
Esses números evidenciam a desigualdade salarial entre diferentes setores, com profissões essenciais para o desenvolvimento social e humano recebendo remunerações modestas.
O impacto da baixa remuneração
A remuneração limitada em diversas profissões reflete um cenário de desvalorização de áreas fundamentais no mercado de trabalho brasileiro. Como consequência, muitos profissionais enfrentam dificuldades financeiras, mesmo após investirem em formação superior e qualificação. Essa realidade afeta não apenas os indivíduos, mas também o sistema como um todo.
Profissões como educação e assistência social, essenciais para a coesão social e o progresso do país, têm dificuldades em atrair novos talentos devido à remuneração pouco competitiva. Essa desvalorização contribui para a falta de profissionais qualificados em setores estratégicos, o que compromete diretamente a qualidade dos serviços prestados à população.
Além disso, o desinteresse por essas carreiras pode levar a um ciclo vicioso, no qual a falta de profissionais qualificados piora as condições de trabalho, reduzindo ainda mais a atratividade dessas áreas. Com isso, a sociedade como um todo sofre, especialmente em setores como educação, saúde e assistência social, que desempenham papéis importantes para o bem-estar coletivo.
Fatores que explicam os salários baixos
Diversos fatores ajudam a explicar a baixa remuneração em algumas profissões no Brasil. Entre eles, destacam-se:
- Falta de valorização profissional: Áreas como educação e assistência social enfrentam dificuldades devido à baixa priorização em políticas públicas, o que limita o investimento nesses setores.
- Excesso de profissionais em algumas áreas: Em certas carreiras, a oferta de mão de obra supera a demanda, reduzindo o poder de negociação salarial dos trabalhadores.
- Orçamentos limitados em setores públicos e privados: Muitas dessas profissões estão inseridas em setores dependentes de financiamento público ou com recursos limitados, o que restringe a capacidade de oferecer salários mais altos.