Quais são as profissões menos desejadas pelos brasileiros?
Veja os números de 2019 até 2024
Nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro registrou uma queda significativa na demanda por algumas profissões. Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que várias ocupações sofreram mais desligamentos do que contratações. Entre julho de 2019 e julho de 2024, o levantamento identificou um saldo negativo em algumas áreas, como motorista de ônibus urbano e gerente de restaurante. A seguir, vamos explorar quais são essas profissões, os motivos por trás da baixa atratividade e as mudanças que o mercado de trabalho enfrentou.
Profissões com maior saldo negativo de contratações
Entre as 2.612 ocupações analisadas pela CNC, a profissão de motorista de ônibus urbano apresentou o maior saldo negativo. Nos últimos cinco anos, essa ocupação perdeu mais de 20 mil vagas, representando uma queda de 7,5% no total de profissionais. Embora o salário médio de admissão tenha aumentado 30%, as empresas de transporte enfrentam dificuldades para atrair motoristas, especialmente entre os jovens.
Outro setor com baixa atratividade é o de gerente de restaurante. Nos últimos cinco anos, a função registrou aproximadamente 16.787 desligamentos a mais do que contratações. A profissão exige habilidades gerenciais e experiência prática, o que torna a formação de novos profissionais um desafio, segundo especialistas do setor.
Além disso, outras profissões, como supervisor de telemarketing, conferente de carga e descarga e operador de empilhadeira, também apresentaram saldo negativo de admissões. Essas funções compartilham características, como salários abaixo da média e menor necessidade de qualificação, o que impacta sua atratividade.
Principais motivos para a baixa atratividade
O estudo destaca alguns fatores que contribuem para a queda na popularidade dessas profissões:
- Baixa Remuneração e Pouca Flexibilidade: Muitas das profissões menos desejadas oferecem salários inferiores à média nacional e possuem pouco espaço para crescimento profissional. Por exemplo, operadores de empilhadeira e conferentes de carga e descarga recebem em média R$ 2.215 e R$ 1.931, respectivamente.
- Falta de Qualificação: A baixa qualificação exigida para essas funções também impacta a atratividade. Profissões que não exigem formação especializada, como costureiro e padeiro, estão entre as menos desejadas, apesar dos aumentos salariais.
- Mudanças no Mercado de Trabalho: A pandemia acelerou o uso de tecnologias e impulsionou a demanda por trabalhos remotos. Como resultado, muitas pessoas, especialmente jovens, optaram por ocupações que oferecem flexibilidade e autonomia. Profissões que demandam trabalho presencial, como motorista de ônibus e gerente de restaurante, tornaram-se menos atraentes.
Lista das Profissões menos desejadas no Brasil (2019-2024)
Abaixo está a lista de profissões com maior saldo negativo de admissões entre 2019 e 2024:
- Motorista de ônibus urbano: saldo negativo de -20.185 contratações, salário médio de R$ 2.573 (aumento de 30%).
- Gerente de restaurante: saldo negativo de -16.787 contratações, salário médio de R$ 2.681 (aumento de 24%).
- Supervisor de telemarketing e atendimento: saldo negativo de -16.355 contratações, salário médio de R$ 3.090 (aumento de 29%).
- Conferente de carga e descarga: saldo negativo de -16.321 contratações, salário médio de R$ 1.931 (aumento de 35%).
- Operador de empilhadeira: saldo negativo de -14.026 contratações, salário médio de R$ 2.215 (aumento de 34%).
- Costureiro, a máquina na confecção em série: saldo negativo de -10.428 contratações, salário médio de R$ 1.689 (aumento de 36%).
- Operador de máquinas fixas em geral: saldo negativo de -9.789 contratações, salário médio de R$ 2.078 (aumento de 36%).
- Apontador de produção: saldo negativo de -9.130 contratações, salário médio de R$ 1.984 (aumento de 26%).
- Professor de ensino superior na área de prática de ensino: saldo negativo de -8.524 contratações, salário médio de R$ 3.672 (aumento de 73%).
- Costureiro na confecção em série: saldo negativo de -7.958 contratações, salário médio de R$ 1.683 (aumento de 38%).
- Comerciante varejista: saldo negativo de -7.950 contratações, salário médio de R$ 1.863 (aumento de 26%).
- Padeiro: saldo negativo de -7.143 contratações, salário médio de R$ 1.914 (aumento de 36%).
- Coordenador pedagógico: saldo negativo de -6.600 contratações, salário médio de R$ 3.451 (aumento de 30%).
- Carteiro: saldo negativo de -6.532 contratações, salário médio de R$ 2.101 (aumento de 84%).
- Professor de ensino superior na área didática: saldo negativo de -6.100 contratações, salário médio de R$ 4.481 (aumento de 168%).
- Gerente financeiro: saldo negativo de -5.506 contratações, salário médio de R$ 7.539 (aumento de 30%).
- Gerente de recursos humanos: saldo negativo de -4.886 contratações, salário médio de R$ 8.645 (aumento de 24%).
- Inspetor de qualidade: saldo negativo de -4.104 contratações, salário médio de R$ 2.736 (aumento de 34%).
- Professor de educação de jovens e adultos do ensino fundamental: saldo negativo de -4.055 contratações, salário médio de R$ 2.989 (aumento de 104%).
- Confeiteiro: saldo negativo de -3.348 contratações, salário médio de R$ 1.926 (aumento de 34%).
- Diretor administrativo: saldo negativo de -2.763 contratações, salário médio de R$ 14.844 (aumento de 31%).
- Operador de telemarketing ativo: saldo negativo de -2.482 contratações, salário médio de R$ 1.477 (aumento de 40%).
- Professor de nível superior do ensino fundamental: saldo negativo de -1.608 contratações, salário médio de R$ 2.851 (aumento de 58%).
- Instrutor de cursos livres: saldo negativo de -665 contratações, salário médio de R$ 2.531 (aumento de 80%).
- Escrevente: saldo negativo de -646 contratações, salário médio de R$ 2.582 (aumento de 34%).
- Telefonista: saldo negativo de -485 contratações, salário médio de R$ 1.585 (aumento de 31%).
- Gerente de marketing: saldo negativo de -376 contratações, salário médio de R$ 9.787 (aumento de 34%).
- Técnico em secretariado: saldo negativo de -306 contratações, salário médio de R$ 2.069 (aumento de 41%).
- Diretor de instituição educacional pública: saldo negativo de -49 contratações, salário médio de R$ 5.248 (aumento de 55%).
Essas profissões perderam vagas nos últimos anos, mesmo com aumentos salariais em algumas áreas. Para muitas delas, a baixa qualificação e a falta de flexibilidade no trabalho tornaram-se barreiras para atrair novos profissionais.
Setores com salários aumentados, mas menos populares
Algumas profissões menos desejadas registraram aumento significativo no salário médio de admissão. No entanto, isso não foi suficiente para atrair mais trabalhadores. Um exemplo é a profissão de professor de ensino superior na área de prática de ensino, cujo salário subiu 73%, alcançando R$ 3.672, mas ainda assim perdeu mais de 8.500 vagas no período. Outros cargos, como carteiro e operador de telemarketing ativo, também tiveram aumento no salário, mas continuam a sofrer com o saldo negativo de admissões.