Qual é a importância do tédio para as crianças?
Ficar entediado, às vezes, é importante para a criança. Saiba os motivos disso aqui.
Quando pensamos em cuidar de crianças, muitas vezes, os pais e cuidadores se preocupam com a felicidade deles. Algo natural e desejável.
Assim, procuram deixar a criança sempre entretida, quando eles mesmos não podem brincar ou interagir com ela, seja com programas de TV, videogames ou celulares.
A criança fica ocupada durante todo o tempo, e quando os adultos perguntam como ela está, está responde que está bem. Parece o cenário perfeito, certo? Errado.
Quando não é possível que a criança esteja com seu cuidador ou pais, o cenário ideal é justamente o contrário de aparelhos: o menor precisa se encontrar sem nenhum estímulo simples. Em outras palavras, ela precisa se entediar.
O problema é que se entediar é vital para o desenvolvimento cognitivo, emocional e intelectual da criança. Além do lado social.
Você sabe o porquê? Veja em nosso artigo.
1. O tédio estimula a criatividade
Quando a criança não tem um estímulo pronto, ela precisa se autoestimular. Claro que estamos falando em termos de estimulação intelectual. Isso é, quando a criança não está recebendo nenhuma informação, o cérebro dela recebe abertura para criar.
No caso, criar ideias, histórias, brincadeiras, questionamentos sobre si mesma e o mundo, soluções para suas questões.
Isso é a base para o desenvolvimento da inteligência, pois a falta de informações abre espaço para a mente organizar e trabalhar sobre aquelas que já tem.
2. O tédio cria autonomia
O tédio estimula a criança a buscar soluções, tomar decisões, fazer escolhas, assumir posição é também um caminho para que a criança desenvolva sua autonomia e maturidade emocional.
Ao se ver sem saber o que fazer, contrariada e irritada, a criança começa a criar senso de autonomia e precisa aprender a lidar e trabalhar essas emoções em uma perspectiva particular. Ela precisa tomar decisões sozinha, assumir papeis, optar por atividades ou posições.
Claro que o adulto estará próximo, para auxiliar questões urgentes, ou impedir más-escolhas. Mas naquilo que a criança puder escolher, sem trazer problemas (brincar na rua, por exemplo), deixar ela “assumir as rédeas” é benéfico.
3. O tédio condiciona algumas regras sociais
Ao estar em uma situação entediante, sem a possibilidade de fazer algo que gosta, a criança aprende regras da sociedade, tais como:
- Aprender que suas vontades nem sempre poderão ser atendidas de pronto (logo, ela precisa esperar);
- Aprender que outras pessoas podem precisar de algo, e ela deverá ceder;
Esses dois pontos são vitais para a vida em sociedade, mas eles exigem uma ligação concreta, para crianças, que ainda não tem um cognitivo abstrato tão desenvolvido.
Ou seja, a criança aprende sobre como funciona a sociedade vivenciando as relações dela.
4. Organização mental
Ao ser colocada em uma situação de tédio, a criança precisa organizar sua mente, para ver o que ela pode fazer, como ela fará, o que pode acontecer (de bom ou ruim).
Trata-se de uma importante sistematização mental de situações novas, e essa habilidade é vital para a organização pessoal.