Qual é a relevância de Shakespeare no século 21?

William Shakespeare (1564-1616) é um dos maiores escritores de toda a história humana. Autor de peças clássicas, como Romeu e Julieta (1592) e Hamlet (publicada entre 1599 e 1600) , o autor é apontado como o mais influente escritor da língua inglesa.

Além disso, linguistas apontam que o autor foi o criador de algumas palavras e expressões do inglês, que hoje usamos em (9quase) todo o mundo, como “sangue frio” e “quebra o gelo”.

Porém, a dificuldade que muitos leitores encontram, ao se deparar com a obra do “bardo inglês”, é justificável, mesmo em ótimas traduções: é um autor morto há mais de 450 anos, que reproduz um estilo discursivo de mais de 450 anos atrás.

Mesmo assim, sua leitura vale a pena. Entenda o porquê.

 

1.     Dramas de uma sociedade em transformação

Da mesma forma que nosso tempo, no tempo de Shakespeare, a sociedade inglesa, e europeia como um todo, passava por uma transformação de valores e de formas de enxergar o mundo.

Na época de Shakespeare, víamos países como o Reino Unido e a Espanha sofrendo conflitos políticos internos e internacionais. As Américas vinham sendo gradativamente exploradas e seus espaços e suas populações nativas eram alvo de intensos debates filosóficos.

Algo mais ou menos parecido com o que vemos nos últimos 50 anos, com movimentos de direitos civis de minorias.

 

2.     Debates e discussões políticas que transcendem épocas

A época de Shakespeare foi marcada por guerras religiosas e políticas nas três principais potências navais do século 16 – Reino Unido, França e Espanha –, monarcas sofreram golpes de estado e tentativas de golpe promovidos por grupos em conflito.

Shakespeare não era alheio a essas questões. E elas estavam nos seus textos. Personagens como Hamlet, Ricardo III e Macbeth se lançam em questionamentos sobrea teorias políticas e éticas.

Algo bastante próximo do que tem sido os 20 primeiros anos do século 21, em maior ou menor escala, de forma que podemos usar os embates de ideias de Shakespeare, para analisarmos nosso tempo.

 

3.     A Humanidade em Cheque

A obra de Shakespeare apresenta profundas leituras e concepções de filosofias metafísicas, na forma de personagens como Hamlet, Próspero ou Oberon.

Essa preocupação do autor inglês se deveu ao fato de que, em sua época, valores e dogmas cristãos vinham sendo questionados, por filósofos e teólogos como Lutero, Calvino e Wycliffe.

A humanidade tinha seus valores tradicionais postos em cheque. Similarmente a humanidade hoje, com a o desenvolvimento de redes sociais, exploração espacial e avanços nos estudos de Astrofísica.

 

4.     Shakespeare, o “criador” do amor

Claro que antes de Shakespeare existiram grandes autores de textos sobre sentimentos, incluindo o amor. Mas o bardo inglês criou novos paradigmas, nesse sentido.

Figuras polêmicas como Otelo, Ofélia, Marco Antônio e Cleópatra, cômicas como Bianca, Patrúquio e ternas, como Romeu e Julieta simbolizaram uma abordagem nunca antes vista, sobre os sentimentos.

Shakespeare fugiu do moralismo. Suas personagens têm sentimentos conflitantes, e até hoje impacta e emociona o público.

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.