Quem foram as FARC? Qual é a importância delas para a América Latina?

Um dos movimentos paramilitares mais contundentes da História recente da América Latina foram as FARC – as Forças Armadas Revolucionária da Colômbia – Exercito do Povo.

Apesar de ser um grupo paramilitar colombiano, de viés as FARC marcaram a história latino-americana recente por sua violência e ligações com o narcotráfico.

E como o movimento começou? Quais são os ideais que motivaram os revolucionários?

Leia nosso artigo sobre esse pilar da política sul-americana.

 

Pós-Guerra e Guerra-Fria: um mundo dividido

As FARC, como todo movimento que se propunha a uma revolução social, surgiu no pós-II Guerra. A Colômbia vinha sofrendo conflitos entre Liberais (apoiados por comunistas) e Conservadores desde 1948.

Esse período ficou marcado na história como La Violencia, e durou até 1958. Em 58, entretanto, houve um rompimento das alianças Liberais e Comunistas, devido ao temor causado pela ascensão de Fidel Castro em Cuba, em 1954.

Logo, Liberais começam a adotar práticas autoritaristas, com apoio dos Estados Unidos.

Como respostas, uma série de movimentos e levantes populares foram sendo instaurados, como o caso do Exercito de Libertação Nacional em 1964 e as FARC em 1966.

O último, fundado por Manuel Marulanda Vélez (1930-2008), adota um discurso marxista, e técnicas de guerrilha de selva, e se concentra em criar focos de resistência armada ao governo.

 

Guerrilha de Selva, alvos urbanos

Apesar de as FARC atuarem, majoritariamente, nas selvas, parte de seus ataques era em contexto urbano. Grandes corporações, políticos e latifundiários eram os principais alvos.

Todavia, as FARC também praticaram diversos atentados com bombas, promoveram estupros e sequestros e desalojaram centenas de civis, alistaram crianças em suas frentes.

Como resposta, o governo colombiano, apoiado pelos Estados Unidos, intensificou e aprimorou seu exército.

Milhares de crimes contra a humanidade foram praticados, por ambos os lados, nessa guerra.

 

Ligações com o narcotráfico

Porém, a maior particularidade das FARC é sua ligação com o narcotráfico. Antes da queda da União Soviética, em 1991, era o governo russo, o principal financista do exercito paramilitar.

Inclusive, narcotraficantes como Pablo Escobar (1949-1993) empreenderam movimentos de combate a elas.

Porém, na busca por continuar seu financiamento, comandantes das FARC começaram a participar ativamente da produção e distribuição de cocaína.

A partir de 1995, os paramilitares revolucionários movimentaram mais de 20 milhões de dólares. As respostas estatais e internacionais foram massivas e extremamente violentas, e na década de 90, a Colômbia viveu seus piores momentos políticos.

 

O fim das FARC

Apenas em 2002, quando Álvaro Uribe assume a presidência, as FARC começaram a perder seu poderio. Sua principal estratégia foi ampliar os ataques ao grupo, rejeitando acordos de paz.

Uribe utilizou, principalmente, o controverso apoio das Autodefesas Unidas da Colômbia, uma milícia de orientação fascista. Seus programas de governo também foram na eliminação lideranças.

Além disso, programas de reinserção social e investimentos na economia nacional promoveram um aumento do bem-estar social, desmotivando novas guerrilhas.

Enfraquecidas e combatidas com extremismo, as FARC, enfim, assinaram um acordo de paz em 2016.

 

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