Setor de bares e restaurantes reage contra decisão de não retomar horário de verão
A decisão foi anunciada na tarde desta quarta-feira (16), pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
O setor de bares e restaurantes manifestou forte descontentamento com a recente decisão do governo federal de não implementar o horário de verão em 2024. A medida, que tradicionalmente adiantava os relógios em uma hora durante os meses mais quentes do ano, foi descontinuada em 2019 e sua possível retomada vinha sendo amplamente discutida nos últimos meses.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) expressou sua frustração por meio de uma nota oficial, na qual criticou duramente a postura do Ministério de Minas e Energia. Segundo a entidade, a decisão ignorou os potenciais benefícios econômicos, sociais e ambientais que a retomada do horário de verão poderia proporcionar.
Impacto econômico no setor
O setor de bares e restaurantes argumenta que a implementação do horário de verão teria um impacto significativo em seu faturamento. De acordo com as projeções da Abrasel, caso a medida fosse adotada, o faturamento mensal dos estabelecimentos poderia aumentar entre 10% e 15%.
“Estimamos que a extensão das horas de luz natural entre 18h e 21h resultaria em um crescimento de até 50% no movimento nesse período, o que aumentaria o faturamento mensal dos estabelecimentos”, pontuou o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Benefícios para o comércio e turismo
Além dos bares e restaurantes, outros setores da economia também seriam beneficiados com a retomada do horário de verão. O comércio e o turismo, por exemplo, poderiam experimentar um aumento na demanda, uma vez que as pessoas tenderiam a circular mais pela cidade com uma hora adicional de luz natural.
Impacto na cadeia produtiva
A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) ressaltou que o aumento no consumo impactaria diretamente toda a cadeia produtiva. Com mais pessoas circulando pelas ruas após o expediente de trabalho, haveria um estímulo natural ao consumo em diversos segmentos. “Com uma hora a mais de luz natural, a tendência é que as pessoas circulem mais pela cidade já que, ao saírem do trabalho, o dia ainda está claro, as lojas estão abertas e isso impulsiona o consumo”, argumentou a CDL.
Críticas à decisão governamental
A decisão do governo de não retomar o horário de verão foi recebida com surpresa e desapontamento pelo setor. A Abrasel expressou sua insatisfação, alegando que houve uma falta de consideração por parte do Ministério de Minas e Energia em relação aos potenciais benefícios da medida.
Declarações anteriores do ministro
O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, lembrou que o ministro Alexandre Silveira havia feito declarações públicas anteriormente, nas quais considerava os benefícios econômicos e sociais da retomada do horário de verão. No entanto, segundo Solmucci, esses aspectos positivos foram desconsiderados na decisão final.
Questionamento sobre a economia de energia
A associação também questionou a postura do governo em relação à economia de energia. De acordo com estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a retomada do horário de verão poderia resultar em uma redução de até 2,9% na demanda máxima de energia, gerando uma economia em torno de R$ 400 milhões.
Comparação com outros países
A Abrasel argumentou que a política de horário de verão é comum e benéfica em diversos países da Europa, América do Norte e até mesmo na América do Sul. A entidade criticou o fato de o Brasil depender de previsões de chuvas para tomar decisões sobre a implementação da medida.
Benefícios ambientais e sociais
Além dos aspectos econômicos, a retomada do horário de verão traria benefícios ambientais e sociais significativos, segundo os defensores da medida.
Redução no consumo de energia
Com o adiantamento dos relógios em uma hora, haveria uma redução natural no consumo de energia elétrica, especialmente no horário de pico. Isso contribuiria para a preservação dos recursos naturais e para a diminuição da pressão sobre o sistema elétrico nacional.
Melhoria na qualidade de vida
O horário de verão proporcionaria mais horas de luz natural após o expediente de trabalho, permitindo que as pessoas aproveitassem melhor seu tempo livre. Isso poderia resultar em uma melhoria na qualidade de vida, com mais oportunidades para atividades ao ar livre e convívio social.
Segurança pública
Com mais pessoas circulando pelas ruas durante o período de luz natural, haveria um potencial aumento na sensação de segurança pública. Isso poderia contribuir para a redução de crimes e para uma maior ocupação dos espaços públicos.
Histórico do horário de verão no Brasil
Para compreender melhor o contexto da atual discussão, é importante revisitar o histórico do horário de verão no Brasil.
Implementação inicial
O horário de verão foi implementado pela primeira vez no Brasil em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas. Desde então, a medida passou por diversas modificações e períodos de interrupção.
Períodos de vigência
Ao longo das décadas, o horário de verão foi adotado de forma intermitente no país. Em alguns períodos, a medida foi aplicada em todo o território nacional, enquanto em outros, apenas em determinadas regiões.
Suspensão em 2019
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro decidiu suspender a aplicação do horário de verão, alegando que estudos indicavam que a medida não trazia mais os benefícios esperados em termos de economia de energia.
Argumentos contrários ao horário de verão
Apesar do apoio de diversos setores, existem também argumentos contrários à retomada do horário de verão.
Impacto no relógio biológico
Críticos da medida argumentam que a mudança no horário pode afetar negativamente o relógio biológico das pessoas, causando distúrbios de sono e problemas de saúde.
Questionamento sobre a economia de energia
Alguns estudos sugerem que a economia de energia proporcionada pelo horário de verão seria menos significativa atualmente, devido às mudanças nos padrões de consumo e à evolução tecnológica.
Dificuldades de adaptação
A mudança no horário pode causar transtornos temporários para alguns setores da sociedade, como escolas e empresas que operam em horários fixos.
Posicionamento do governo
O governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, justificou sua decisão de não retomar o horário de verão com base em estudos técnicos.
Análise do ONS
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) realizou estudos que, segundo o governo, não indicaram benefícios significativos para o setor elétrico com a retomada do horário de verão.
Mudanças no perfil de consumo
O ministério argumentou que houve mudanças significativas no perfil de consumo de energia da população brasileira nos últimos anos, o que teria reduzido a eficácia da medida.