Tipos de Narrador: a voz por trás da história
O tipo de narrador influencia muito no resultado final da obra
Quando nos deparamos com uma obra literária, muitas vezes somos guiados por uma voz que nos apresenta a trama, os personagens e os conflitos. Essa voz, que pode ser mais ou menos presente, é o narrador, e sua escolha é uma das decisões mais importantes que um autor pode tomar. Há diversos tipos de narrador.
O narrador não apenas conta a história, mas também influencia a forma como percebemos os eventos e as emoções dos personagens. A seguir, vamos conhecer os diferentes tipos de narrador e suas características.
Tipos de narrador
Narrador em Primeira Pessoa
O narrador em primeira pessoa é aquele que participa da história, contando-a a partir de sua própria perspectiva. Esse tipo de narrador utiliza pronomes como “eu” e “meu”, o que cria uma conexão íntima com o leitor. Através dessa voz, temos acesso direto aos pensamentos, sentimentos e experiências do narrador, o que pode gerar uma identificação imediata.
Um exemplo clássico desse tipo de narrador é o protagonista de O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger. Holden Caulfield, o narrador, compartilha suas reflexões e desilusões, permitindo que o leitor compreenda sua visão de mundo. No entanto, essa perspectiva é limitada, pois o leitor só conhece os eventos e personagens através dos olhos de Holden. Isso pode resultar em uma narrativa subjetiva, onde a verdade é filtrada pela experiência do narrador.
Narrador em Segunda Pessoa
O narrador em segunda pessoa é menos comum, mas possui um efeito intrigante. Nesse caso, o narrador se dirige diretamente ao leitor, utilizando pronomes como “você”. Essa abordagem cria uma sensação de envolvimento e imersão, como se o leitor estivesse vivendo a história. Um exemplo notável é o livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, que utiliza essa técnica para engajar o leitor de forma direta.
Embora essa forma de narração possa ser poderosa, ela também pode ser desafiadora. O uso do “você” pode criar uma sensação de pressão ou expectativa, fazendo com que o leitor se sinta parte da história de maneira intensa. Essa técnica é mais comum em obras de autoajuda e em algumas narrativas experimentais, onde o autor busca criar uma experiência única e interativa.
Narrador em Terceira Pessoa
O narrador em terceira pessoa é o mais comum na literatura e se divide em duas categorias principais: o narrador onisciente e o narrador limitado. Veja a seguir os dois tipos de narrador.
Narrador Onisciente
O narrador onisciente conhece todos os pensamentos e sentimentos dos personagens e tem acesso a informações além do que é apresentado na história. Ele pode descrever eventos passados, futuros e o que acontece em diferentes lugares simultaneamente.
Um exemplo clássico é o narrador de Dom Casmurro, de Machado de Assis, que revela os pensamentos de Bentinho e oferece uma visão ampla da sociedade da época. A principal vantagem desse narrador é proporcionar uma compreensão profunda da trama e dos personagens, mas isso pode criar uma distância emocional entre o leitor e os personagens, tornando a narrativa mais descritiva.
Narrador Limitado
Em contraste, o narrador limitado foca em um único personagem, revelando apenas seus pensamentos e sentimentos. Essa abordagem cria uma conexão mais íntima com o protagonista, permitindo que o leitor experimente a história de maneira mais pessoal.
Um exemplo é Harry Potter e a Pedra Filosofal, de J.K. Rowling, onde a narrativa é centrada em Harry. Embora o narrador limitado ofereça uma visão subjetiva, ele também restringe o conhecimento do leitor sobre os outros personagens, o que pode adicionar mistério e suspense à trama.
Esses são os tipos de narrador que podemos encontrar em diversas obras literárias, sendo que a escolha do tipo de narrador é feita somente pelo autor da obra.