Afinal, quais são os tipos de variações linguísticas?
Explore exemplos práticos de variações diafásicas, diatópicas e diastráticas, e veja por que a linguagem é tão diversa e dinâmica.
Vivemos em uma sociedade em constante evolução, onde as mudanças ao longo do tempo alteram a forma como as pessoas se relacionam. Um exemplo claro dessas transformações é a linguagem dos internautas, que, através de inúmeras abreviações e neologismos, constrói um universo próprio de comunicação, compreendido apenas pelos seus usuários.
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Tipos de variações linguísticas
Baseando-nos nesse princípio, vamos discutir os diferentes tipos de variações que as línguas podem apresentar, as quais dependem de fatores específicos como a condição social, a faixa etária, as diferenças regionais, entre outros. Portanto, vamos analisar algumas explicações e exemplos representativos dessas variações. Entre elas, destacamos:
Variações diafásicas
As variações diafásicas são aquelas que ocorrem em função do contexto comunicativo. Em outras palavras, a ocasião em que estamos nos comunicando determina a forma como nos dirigimos ao nosso interlocutor, podendo ser de maneira formal ou informal. Por exemplo, um discurso formal é esperado em uma entrevista de emprego, enquanto uma conversa casual com amigos tende a ser mais informal.
Contexto formal vs. informal:
- Formal: “Prezada Sra. Oliveira, gostaria de informar que a reunião será adiada.”
- Informal: “Oi, Ana! A reunião foi adiada, tá?”
Situação profissional vs. social:
- Profissional: “Solicito que envie o relatório até o fim do expediente.”
- Social: “Cara, manda aquele relatório logo!”
Discurso cerimonial vs. conversa cotidiana:
- Cerimonial: “É com grande honra que lhes dou as boas-vindas a esta solenidade.”
- Cotidiana: “Oi, gente! Bem-vindos ao evento!”
Variações diatópicas
As variações diatópicas referem-se às diferenças linguísticas que surgem devido às distintas regiões geográficas. Um exemplo claro é a palavra “abóbora”, que pode ter diferentes significados e usos em várias regiões do Brasil. Em algumas áreas, a palavra “jerimum” é usada em vez de “abóbora”, ilustrando como a língua pode variar conforme a localização.
Vocabulário regional:
- Em São Paulo: “pão francês”
- No Rio de Janeiro: “pão de sal”
Termos para abóbora:
- No Nordeste do Brasil: “jerimum”
- No Sudeste do Brasil: “abóbora”
Expressões regionais:
- No Sul do Brasil: “Bah, guri!”
- No Nordeste do Brasil: “Oxente, menino!”
Variações diastráticas
As variações diastráticas ocorrem em função das diferenças entre grupos sociais específicos. Cada grupo social desenvolve um vocabulário e expressões particulares que refletem suas experiências e contextos de vida. Por exemplo, a terminologia usada por advogados, surfistas ou profissionais da área médica difere significativamente, criando uma forma de comunicação única para cada grupo.
Jargão Jurídico:
- “O réu foi absolvido por falta de provas.”
- “O juiz deferiu a liminar.”
Gírias de surfistas:
- “A onda estava irada hoje de manhã.”
- “Peguei um tubo perfeito na praia.”
Terminologia médica:
- “O paciente apresenta um quadro de hipertensão.”
- “Vamos realizar uma tomografia para um diagnóstico mais preciso.”
Por que se originam?
As variações linguísticas ocorrem por uma série de razões que refletem a diversidade e a complexidade da comunicação humana. Aqui estão alguns dos principais fatores:
Contexto comunicativo (diafásicas)
- Ocasião e formalidade: as pessoas ajustam sua maneira de falar dependendo da situação. Em contextos formais, como uma entrevista de emprego, a linguagem tende a ser mais polida e estruturada. Em situações informais, como uma conversa com amigos, a linguagem é mais descontraída e coloquial.
- Audiência: a forma como nos comunicamos varia dependendo de quem é o nosso interlocutor. Falamos de maneira diferente com um chefe, um colega de trabalho, um familiar ou um amigo.
Região geográfica (diatópicas)
- Diferenças regionais: pessoas de diferentes regiões desenvolvem variações em pronúncia, vocabulário e até mesmo gramática. Essas variações refletem a história, a cultura e as influências linguísticas específicas de cada região.
- Isolamento geográfico: comunidades que estão geograficamente isoladas tendem a desenvolver variações linguísticas mais distintas, uma vez que têm menos contato com outras formas da língua.
Grupos sociais (diastráticas)
- Classes sociais e profissões: diferentes grupos sociais e profissionais desenvolvem jargões e modos de falar próprios. Advogados, médicos, surfistas e outros grupos têm terminologias específicas que refletem suas atividades e experiências.
- Idade e geração: gerações diferentes frequentemente utilizam gírias e expressões distintas, criando variações linguísticas entre jovens e mais velhos.
- Nível de escolaridade: o grau de instrução pode influenciar a complexidade e a sofisticação do vocabulário e da estrutura gramatical usados por uma pessoa.
Influências culturais e históricas
- Contato com outras línguas: regiões e grupos que têm contato frequente com outras línguas tendem a incorporar palavras e expressões estrangeiras em seu vocabulário.
- Mudanças sociais e tecnológicas: a evolução da sociedade e o desenvolvimento de novas tecnologias introduzem novos termos e expressões na língua.