Afinal, quais são os tipos de variações linguísticas?

Explore exemplos práticos de variações diafásicas, diatópicas e diastráticas, e veja por que a linguagem é tão diversa e dinâmica.

Vivemos em uma sociedade em constante evolução, onde as mudanças ao longo do tempo alteram a forma como as pessoas se relacionam. Um exemplo claro dessas transformações é a linguagem dos internautas, que, através de inúmeras abreviações e neologismos, constrói um universo próprio de comunicação, compreendido apenas pelos seus usuários.

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Tipos de variações linguísticas

Baseando-nos nesse princípio, vamos discutir os diferentes tipos de variações que as línguas podem apresentar, as quais dependem de fatores específicos como a condição social, a faixa etária, as diferenças regionais, entre outros. Portanto, vamos analisar algumas explicações e exemplos representativos dessas variações. Entre elas, destacamos:

Variações diafásicas

As variações diafásicas são aquelas que ocorrem em função do contexto comunicativo. Em outras palavras, a ocasião em que estamos nos comunicando determina a forma como nos dirigimos ao nosso interlocutor, podendo ser de maneira formal ou informal. Por exemplo, um discurso formal é esperado em uma entrevista de emprego, enquanto uma conversa casual com amigos tende a ser mais informal.

Contexto formal vs. informal:

  • Formal: “Prezada Sra. Oliveira, gostaria de informar que a reunião será adiada.”
  • Informal: “Oi, Ana! A reunião foi adiada, tá?”

Situação profissional vs. social:

  • Profissional: “Solicito que envie o relatório até o fim do expediente.”
  • Social: “Cara, manda aquele relatório logo!”

Discurso cerimonial vs. conversa cotidiana:

  • Cerimonial: “É com grande honra que lhes dou as boas-vindas a esta solenidade.”
  • Cotidiana: “Oi, gente! Bem-vindos ao evento!”
Afinal, quais são os tipos de variações linguísticas? (Foto: Unsplash).
Afinal, quais são os tipos de variações linguísticas? (Foto: Unsplash).

Variações diatópicas

As variações diatópicas referem-se às diferenças linguísticas que surgem devido às distintas regiões geográficas. Um exemplo claro é a palavra “abóbora”, que pode ter diferentes significados e usos em várias regiões do Brasil. Em algumas áreas, a palavra “jerimum” é usada em vez de “abóbora”, ilustrando como a língua pode variar conforme a localização.

Vocabulário regional:

  • Em São Paulo: “pão francês”
  • No Rio de Janeiro: “pão de sal”

Termos para abóbora:

  • No Nordeste do Brasil: “jerimum”
  • No Sudeste do Brasil: “abóbora”

Expressões regionais:

  • No Sul do Brasil: “Bah, guri!”
  • No Nordeste do Brasil: “Oxente, menino!”

Variações diastráticas

As variações diastráticas ocorrem em função das diferenças entre grupos sociais específicos. Cada grupo social desenvolve um vocabulário e expressões particulares que refletem suas experiências e contextos de vida. Por exemplo, a terminologia usada por advogados, surfistas ou profissionais da área médica difere significativamente, criando uma forma de comunicação única para cada grupo.

Jargão Jurídico:

  • “O réu foi absolvido por falta de provas.”
  • “O juiz deferiu a liminar.”

Gírias de surfistas:

  • “A onda estava irada hoje de manhã.”
  • “Peguei um tubo perfeito na praia.”

Terminologia médica:

  • “O paciente apresenta um quadro de hipertensão.”
  • “Vamos realizar uma tomografia para um diagnóstico mais preciso.”

Por que se originam?

As variações linguísticas ocorrem por uma série de razões que refletem a diversidade e a complexidade da comunicação humana. Aqui estão alguns dos principais fatores:

Contexto comunicativo (diafásicas)

  • Ocasião e formalidade: as pessoas ajustam sua maneira de falar dependendo da situação. Em contextos formais, como uma entrevista de emprego, a linguagem tende a ser mais polida e estruturada. Em situações informais, como uma conversa com amigos, a linguagem é mais descontraída e coloquial.
  • Audiência: a forma como nos comunicamos varia dependendo de quem é o nosso interlocutor. Falamos de maneira diferente com um chefe, um colega de trabalho, um familiar ou um amigo.

Região geográfica (diatópicas)

  • Diferenças regionais: pessoas de diferentes regiões desenvolvem variações em pronúncia, vocabulário e até mesmo gramática. Essas variações refletem a história, a cultura e as influências linguísticas específicas de cada região.
  • Isolamento geográfico: comunidades que estão geograficamente isoladas tendem a desenvolver variações linguísticas mais distintas, uma vez que têm menos contato com outras formas da língua.

Grupos sociais (diastráticas)

  • Classes sociais e profissões: diferentes grupos sociais e profissionais desenvolvem jargões e modos de falar próprios. Advogados, médicos, surfistas e outros grupos têm terminologias específicas que refletem suas atividades e experiências.
  • Idade e geração: gerações diferentes frequentemente utilizam gírias e expressões distintas, criando variações linguísticas entre jovens e mais velhos.
  • Nível de escolaridade: o grau de instrução pode influenciar a complexidade e a sofisticação do vocabulário e da estrutura gramatical usados por uma pessoa.

Influências culturais e históricas

  • Contato com outras línguas: regiões e grupos que têm contato frequente com outras línguas tendem a incorporar palavras e expressões estrangeiras em seu vocabulário.
  • Mudanças sociais e tecnológicas: a evolução da sociedade e o desenvolvimento de novas tecnologias introduzem novos termos e expressões na língua.
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