Veja os tipos de discurso – direto, indireto e indireto livre
Explore exemplos práticos e descubra suas principais características!
Leia também: 3 figuras de linguagem do discurso da vitória de Donald Trump
Cada tipo de discurso possui características específicas que servem para moldar a relação entre o narrador e os personagens, criando diferentes graus de proximidade e revelando nuances da trama de modo particular.
Os tipos de discurso
No discurso direto, o narrador interrompe momentaneamente a sua própria narração para apresentar a fala do personagem de forma literal e fiel. Esse recurso permite que o personagem se expresse com total autenticidade, proporcionando ao leitor uma sensação de proximidade com a situação e com as emoções transmitidas. O narrador, ao se distanciar do discurso, mantém-se neutro e isento de responsabilidade sobre o que está sendo dito, já que a fala pertence exclusivamente ao personagem.
Além disso, o discurso direto pode ser empregado para evitar apropriações indevidas de ideias ou falas alheias. Por exemplo, ao citar um pensamento de um estudioso, o narrador recorre a esse tipo de discurso para reconhecer a autoria original, evitando que as palavras pareçam suas.
Características:
- Utilização de verbos dicendi, ou seja, verbos de elocução como “dizer,” “responder,” “perguntar,” “declarar,” “exclamar,” entre outros, que indicam o ato de fala.
- Emprego de sinais de pontuação específicos, como aspas, travessão, interrogação, exclamação e dois pontos, para delimitar e destacar a fala.
- A fala pode estar intercalada no texto principal, não necessariamente em uma linha isolada.
Exemplos:
- Os formandos repetiram: “Prometo cumprir meus deveres e respeitar meus semelhantes com firmeza e honestidade.”
- O réu afirmou: “Sou inocente!”
- Querendo ouvir a voz dela, ele ligou e atendeu: — Alô, quem fala? — Bom dia, com quem deseja falar? — respondeu a outra pessoa em tom simpático.
Já o discurso indireto, por outro lado, ocorre quando o narrador relata o conteúdo da fala do personagem em suas próprias palavras, incorporando-a ao corpo da narrativa. Aqui, a fala não é reproduzida exatamente como foi dita, e o narrador intervém, reorganizando e interpretando o discurso do personagem.
Características:
- A narrativa é conduzida em terceira pessoa, com o narrador assumindo a responsabilidade pelo relato.
- É comum o uso de verbos de elocução (como “falar,” “responder,” “indagar”), mas a fala é geralmente incorporada em uma oração subordinada, dispensando o uso do travessão e, muitas vezes, conectada pela conjunção “que.”
Exemplos:
- Os formandos prometeram que cumpririam seus deveres e respeitariam seus semelhantes com firmeza e honestidade.
- O réu afirmou que era inocente.
- Ele quis ouvir a voz dela e resolveu ligar. Ao atender, cumprimentou e perguntou quem estava do outro lado da linha.
No discurso indireto livre, ocorre uma fusão entre o discurso direto e o indireto, criando um estilo no qual a voz do narrador se entrelaça com os pensamentos ou falas do personagem. Dessa forma, o narrador pode incluir intervenções dos personagens sem necessariamente fazer uma transição marcada. Esse recurso permite que o narrador, onisciente e íntimo dos pensamentos dos personagens, compartilhe as reflexões e percepções deles de maneira sutil, sem o uso de travessões, aspas ou outras marcações típicas do discurso direto.
Esse tipo de discurso é particularmente útil para transmitir as emoções, dilemas e pensamentos dos personagens de forma fluida e natural, permitindo ao leitor uma visão mais íntima e psicológica, como se estivesse acompanhando o fluxo de consciência dos personagens.
Características:
- Liberdade sintática: onarrador possui flexibilidade para alternar entre sua própria voz e a do personagem sem se prender a estruturas específicas.
- Aderência do narrador ao personagem: o narrador se aproxima intimamente do personagem, expressando seus pensamentos, percepções e emoções de forma quase invisível, sem que seja necessário diferenciar com clareza a fala interna do personagem da voz narrativa.
Exemplos:
- Ele fez o que achava certo. Não, não estava arrependido, mas aquele peso… Talvez devesse ter sido mais justo com as crianças.
- O despertador tocou mais cedo naquela manhã. Tudo bem, ele podia fazer isso. Sabia que podia.
- O dia amanheceu chuvoso. Outro dia todo deitado, assistindo televisão, que tédio…
Nestes exemplos, o discurso dos personagens emerge naturalmente na narração, sem sinais específicos de mudança, proporcionando ao leitor uma imersão nos pensamentos e estados emocionais dos personagens de forma quase imperceptível, mas eficaz.