Transtornos de escrita: veja os principais e como tratá-los

Saiba como esses distúrbios afetam a legibilidade da escrita e as opções de tratamento recomendadas por especialistas.

Os transtornos de escrita, como descritos no DSM-5, são condições que afetam significativamente a habilidade das pessoas em expressar-se por escrito. Três transtornos específicos são amplamente reconhecidos: dislexia, disortografia e discalculia. Hoje, nós vamos dar uma olhada mais detalhada nessas questões.

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Transtornos de escrita

O caminho para desenvolver a fluência na escrita pode ser repleto de desafios. Alguns transtornos mentais criam barreiras significativas no processo de alfabetização. Inclusive, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), uma das referências mais reconhecidas para diagnósticos de saúde mental, estão listados três transtornos específicos de aprendizagem. São eles: dislexia (que afeta a leitura), disortografia (relacionada à expressão escrita) e discalculia (que prejudica habilidades matemáticas).

Segundo os critérios do DSM-5, os transtornos da expressão escrita se manifestam por meio de:

  • Habilidade de expressão escrita significativamente abaixo da média esperada para a idade cronológica da criança, ou para seu nível intelectual e escolaridade;
  • Dificuldade na expressão escrita que interfere de forma significativa nas atividades cotidianas que requerem habilidades de escrita, como compor frases gramaticalmente corretas e parágrafos bem organizados;
  • Presença de déficits sensoriais que dificultam a escrita;
  • Falta de habilidade na composição de textos, gramática e pontuação, organização inadequada dos parágrafos, erros frequentes de ortografia e caligrafia deficiente.

Texto truncado

A disortografia é descrita como uma dificuldade significativa na aprendizagem da ortografia, gramática e escrita. Este transtorno específico afeta a habilidade de uma pessoa em escrever de forma correta e coerente, podendo ocorrer tanto no nível da palavra, da estrutura de frases, como no desenvolvimento de textos completos. Os sintomas incluem erros frequentes como a omissão de letras, substituição de sílabas, esquecimento de acentos e aplicação inadequada de regras gramaticais.

No nível da palavra, indivíduos com disortografia podem confundir sons, trocando, por exemplo, “P” por “B”, “T” por “D”, “F” por “V”, “X” por “J” e “S” por “Z”. Na fase da frase, enfrentam dificuldades em usar verbos corretamente conjugados e podem evitar o uso correto de maiúsculas e pontuação adequada.

Ao redigir textos, eles podem ter dificuldade em organizar ideias de forma coerente, resultando em textos desestruturados, embora possam expressar-se verbalmente com desenvoltura. O tratamento envolve intervenção de um fonoaudiólogo seguido por um psicopedagogo. Educadores que interagem com crianças com disortografia devem priorizar o conteúdo sobre a forma ao avaliar seus trabalhos, incentivando a prática frequente da escrita sem penalizar por erros ortográficos. Provas orais podem ser um recurso complementar útil.

Transtornos de escrita: veja os principais e como tratá-los (Foto: Unsplash).
Transtornos de escrita: veja os principais e como tratá-los (Foto: Unsplash).

Dois em um

De acordo com especialistas, a disortografia pode ocorrer de forma independente ou estar associada à dislexia. Todo indivíduo com dislexia também apresenta disortografia.

Este é um transtorno amplamente reconhecido, embora ainda haja muito a ser compreendido sobre ele. A dislexia é caracterizada pela dificuldade em aprender a ler e escrever de forma precisa, enfrentando desafios na formação correta das palavras e na correspondência adequada entre sons e sílabas. Um sintoma comum é a troca da ordem das letras ao ler e escrever. Portanto, é essencial que alunos nessas condições tenham adaptações adequadas no ambiente escolar. Identificar as circunstâncias ideais para a escrita pode significativamente reduzir o número de erros cometidos por essas pessoas.

A temida matemática

A discalculia é um transtorno específico de aprendizagem que geralmente se manifesta durante a infância escolar. Crianças afetadas por esse transtorno enfrentam dificuldades em pensar, refletir, avaliar e raciocinar sobre atividades relacionadas à matemática.

Essas dificuldades podem incluir a incapacidade de identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, compreender princípios de medida, seguir sequências e entender conceitos matemáticos.

Há diversos tipos e níveis de discalculia, que podem variar de leve a grave. Entre os tipos estão o verbal, caracterizado pela dificuldade em nomear e compreender quantidades matemáticas, números e símbolos apresentados verbalmente; o léxico, que dificulta a leitura e compreensão de conceitos matemáticos escritos; e o gráfico, que envolve dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

Disgrafia é transtorno motor

A disgrafia não é considerada um transtorno mental, mas sim um distúrbio de escrita que envolve questões motoras, tornando a escrita mais lenta e dificultando a legibilidade das letras. Os indivíduos com disgrafia frequentemente enfrentam desafios para entender o que escreveram, mesmo que sua letra não seja necessariamente feia. O tratamento da lentidão motora pode envolver terapia ocupacional, psicomotricidade e fonoaudiologia. É aconselhável também consultar um médico para avaliar possíveis questões motoras subjacentes.

Devido a essas dificuldades, é injusto exigir que alunos com disgrafia tenham uma caligrafia cursiva. É mais eficaz aceitar a forma da letra e ajudá-los a distinguir entre maiúsculas e minúsculas. Exercícios tradicionais de caligrafia raramente são úteis, pois podem aumentar a pressão sobre o aluno, levando-o a apertar demais a caneta, borrar o papel ou até mesmo rasgá-lo na tentativa de corrigir os erros.

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