Ultrarromantismo: definição, obras e características
Explore as obras de autores como Álvares de Azevedo e Camilo Castelo Branco, enquanto mergulha em uma atmosfera de melancolia, amor não correspondido e reflexões sobre a condição humana.
O Ultrarromantismo, movimento literário português e brasileiro, surgiu na segunda metade do século XIX. Suas obras são marcadas pela melancolia, pessimismo e idealização do amor e do sofrimento. Este movimento é uma das vertentes da literatura romântica, caracterizada pelo egocentrismo e exagero sentimental. Hoje, nós exploraremos seu conceito e suas principais características.
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Ultrarromantismo: o que é?
O Ultrarromantismo foi um movimento literário que surgiu na metade do século XIX, tanto em Portugal quanto no Brasil, como uma reação ao Romantismo tradicional. Este período, caracterizado por uma intensificação das características românticas, ocorreu em um momento de grandes mudanças sociais, políticas e culturais, refletindo as tensões e contradições da época.
Origem e contexto
O Ultrarromantismo teve sua origem em um contexto marcado por transformações sociais e culturais profundas. Na Europa, a Revolução Industrial estava a todo vapor, provocando mudanças radicais nas estruturas sociais e econômicas. Além disso, as ideias iluministas e a Revolução Francesa haviam inspirado um forte senso de individualismo e liberdade.
Características
As características refletem uma intensificação das tendências românticas, como a exaltação do indivíduo, a valorização da emoção sobre a razão e a busca por uma expressão artística mais livre e subjetiva; no entanto, o Ultrarromantismo se distingue do Romantismo tradicional por sua ênfase em aspectos mais sombrios e extremos da condição humana.
Melancolia e pessimismo
As obras ultrarromânticas são marcadas por um profundo sentimento de melancolia e pessimismo em relação à vida e ao destino humano. Os autores exploram temas como a solidão, o sofrimento e a morte, refletindo uma visão sombria da nossa existência.
Idealização do amor e do sofrimento
O Ultrarromantismo idealiza o amor como uma experiência intensa e trágica, marcada pela dor e pela impossibilidade de realização plena. Os sentimentos amorosos são frequentemente associados à morte e ao sofrimento, refletindo a ideia de que o verdadeiro amor só pode ser alcançado além da vida terrena.
Estilo subjetivo e sensível
Os escritores ultrarromânticos privilegiam um estilo literário subjetivo e sensível, buscando expressar suas emoções e sentimentos de forma intensa e pessoal. A linguagem é carregada de imagens poéticas, metáforas e simbolismo, contribuindo para criar uma atmosfera densa e emocional.
Ultrarromantismo no Brasil
No país, ele também ficou conhecido como “geração ultrarromântica” e “segunda geração”.
Esse movimento valorizou o nacionalismo e o índio como herói, temas que já haviam sido explorados na primeira geração romântica brasileira. A “Segunda Geração” foi profundamente influenciada pelo romantismo alemão e pelas obras de Lord Byron e Alfred de Musset. De fato, suas obras abordavam temas obscuros, como o sobrenatural, o satanismo, a morte, o passado e o “mal do século”; no entanto, o amor é frequentemente retratado como platônico ou não correspondido. Além disso, as obras são caracterizadas por um forte egocentrismo e exageros sentimentais.
Principais autores e obras
- Álvares de Azevedo (1831-1852)
Esse autor brasileiro é considerado um dos principais representantes. Sua obra mais conhecida, “Noite na Taverna”, é uma coletânea de contos que exploram temas como a morte, o amor proibido e a decadência moral.
- Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Em Portugal, Camilo Castelo Branco é uma figura proeminente do Ultrarromantismo. Suas obras, como “Amor de Perdição” e “A Queda de um Anjo”, retratam paixões trágicas e destinos marcados pelo sofrimento.
- Junqueira Freire (1832-1855)
Autor também brasileiro conhecido por sua poesia melancólica e sombria. Sua obra mais famosa, “Inspirações do Claustro”, reflete uma profunda introspecção e um intenso conflito interior.
Ainda assim, foi o poeta Lord Byron (1788-1824), um inglês, o grande inspirador do movimento no Brasil.
Principais obras brasileiras
- As Primaveras – Casimiro de Abreu;
- Cantos e Fantasias – Fagundes Varela;
- Lira dos Vinte Anos – Álvares de Azevedo;
- Inspirações do Claustro – Junqueira Freire.