Acento circunflexo: não tenha dúvida de quando usar

Aprenda a diferenciar hiatos e acentos diferenciais com exemplos claros e fáceis de entender.

O acento circunflexo é um sinal diacrítico, também chamado de notação lexical, utilizado para marcar a pronúncia de determinadas vogais em palavras. Ele pode ser aplicado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indicando que a sílaba tônica deve ser pronunciada com um timbre fechado.

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Esse acento exerce uma função oposta ao acento agudo, que confere às vogais um timbre aberto.

Um exemplo claro dessa diferença está nas palavras:

avô, onde o circunflexo sobre o “o” indica um som mais fechado;

avó, onde o acento agudo sobre o “o” indica um som mais aberto.

Essa distinção não só modifica a sonoridade, mas também o sentido das palavras, tornando a correta utilização dos acentos fundamental na comunicação escrita e falada.

Usando acento circunflexo

Entre os diversos sinais diacríticos presentes na língua portuguesa, apenas três são classificados como acentos gráficos: o agudo, o circunflexo e o grave. Desses, o acento grave, utilizado para indicar a crase, se destaca por possuir regras específicas e diferenciadas em relação aos outros.

No caso dos acentos agudo e circunflexo, as regras de aplicação são idênticas para as palavras oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas e monossílabos tônicos. A principal diferença entre eles está na forma como representam o timbre das vogais.

Exemplos de oxítonas com acento circunflexo:

  • Você;
  • Purê;
  • Crochê;
  • Bongô;
  • Metrô.

Exemplos de paroxítonas com acento circunflexo:

  • Âmbar;
  • Câncer;
  • Têxtil;
  • Fênix;
  • Tênis.

Exemplos de proparoxítonas com acento circunflexo:

  • Acadêmico;
  • Lâmpada;
  • Plêiade;
  • Ônibus;
  • Zênite.

Exemplos de monossílabos tônicos com acento circunflexo:

  • Três;
  • Mês;
  • Pôs;
  • Dê;
  • Crê.

Apesar disso, o acento agudo é mais amplamente utilizado e possui regras que não se aplicam ao circunflexo, como ocorre nos hiatos formados pelas vogais tônicas “i” ou “u” e nos ditongos abertos (éi, éu, ói).

Acento circunflexo: não tenha dúvida de quando usar (Foto: Unsplash).
Acento circunflexo: não tenha dúvida de quando usar (Foto: Unsplash).

Novo Acordo Ortográfico 

Com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, algumas palavras perderam o acento circunflexo, gerando mudanças significativas na forma como certos hiatos e acentos diferenciais são utilizados. Abaixo, detalho essas mudanças:

1. Hiatos com EEM e OO

Antes da implementação do Novo Acordo, era comum acentuar a primeira vogal de alguns hiatos formados pelas combinações “OO” e “EEM”. Exemplos disso incluíam palavras como enjôo, vôo, crêem e vêem. Entretanto, com as novas regras, essas palavras passaram a ser escritas sem acento.

Agora, a grafia correta é:

  • Enjoo;
  • Voo;
  • Abençoo;
  • Perdoo;
  • Magoo;
  • Creem;
  • Veem;
  • Deem;
  • Descreem;
  • Preveem.

2. Acentos diferenciais

Os acentos diferenciais, que antes eram empregados para distinguir a classe gramatical, a pronúncia ou o sentido de algumas palavras, também sofreram alterações. Vamos explorar como o uso do circunflexo foi afetado:

Antes do Novo Acordo:

  • pêlo (substantivo) versus pelo (contração de “por + o”)
  • pólo (substantivo) versus pôlo (substantivo – filhote de gavião)

Após o Novo Acordo:

  • Ambas as formas anteriores passaram a ser escritas de forma idêntica: pelo (tanto o substantivo quanto a contração) e polo (independente do significado).

Acentos circunflexos diferenciais mantidos

Apesar das simplificações, alguns acentos diferenciais ainda são obrigatórios. Eles continuam a ser usados para evitar ambiguidades em certos casos específicos. Exemplos:

  • Pôde (passado do verbo “poder”) e pode (presente do verbo “poder”)
  • Pôr (verbo) e por (preposição)
  • Tem (singular) e têm (plural)
  • Vem (singular) e vêm (plural)
  • Mantém (singular) e mantêm (plural)
  • Intervém (singular) e intervêm (plural)

Acentos diferenciais opcionais

Por outro lado, há casos em que o uso do circunflexo se tornou facultativo após o Novo Acordo:

  • Forma (pode se referir tanto ao formato quanto ao verbo “formar”) versus fôrma (molde)
  • Dêmos (presente do subjuntivo) versus demos (pretérito perfeito do indicativo)

Essas mudanças refletem a busca por maior simplificação e padronização na língua portuguesa, ajustando acentuações que antes distinguiam algumas palavras, mas que agora se apoiam mais no contexto para esclarecer seu significado.

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