Cedilha: veja os usos e outras curiosidades
Encontre suas origens históricas e curiosidades sobre esse sinal diacrítico essencial na língua portuguesa.
Com certeza muitas pessoas têm dúvidas sobre o uso correto da cedilha (ç). A cedilha é um sinal gráfico que indica que a letra “c” deve ser pronunciada com som de “s” antes das vogais “a”, “o” e “u”. No entanto, não se usa a cedilha diante das vogais “e” e “i” (onde o “c” já tem som de “s” naturalmente). Algumas dúvidas comuns incluem:
Leia também: Aspas – saiba como fazer o uso correto no texto
Uso da cedilha
Em resumo…
- Quando usar o “ç”: muitos se confundem em palavras como “aço”, “calço”, “lança”, onde a cedilha é necessária, mas não em palavras como “ceia” ou “cidade”.
- Cedilha em diferentes tempos verbais: como em “começar” (no infinitivo) e “comecei” (no passado), onde o som “s” aparece no segundo caso sem precisar da cedilha.
- Uso da cedilha com prefixos e sufixos: alguns podem se perguntar sobre o uso em palavras compostas ou derivadas, como “recomeçar”, onde a cedilha é mantida, ou em casos de alterações nas terminações.
Na escola, aprendemos que a cedilha (ç) é um sinal diacrítico que indica quando a letra “C” deve ter som de “SS”.
Alguns exemplos incluem:
- açaí;
- muçarela;
- maniçoba;
- açude;
- paçoca;
- açafrão.
Regras de uso da Ç
- A “ç” só pode ser utilizada antes das vogais “A”, “O” e “U”. Exemplos:
- caça, maçom, açúcar.
- Não se usa “ç” antes das vogais “E” e “I”, já que “ce” e “ci” têm naturalmente o som de “SS”, como em:
- acerola, acidente.
- A “ç” nunca é usada no início de uma palavra.
- A “ç” é comumente encontrada em:
a) Palavras de origem indígena, africana, árabe, italiana, francesa e outras de origem exótica:
- cachaça, açaí, açúcar, muçarela, Moçambique, maçom, miçanga, muçum.
b) Palavras que contêm “to” no radical:
- ação (de ato), atenção (de atento), isenção (de isento), direção (de direto).
c) Termos derivados de palavras terminadas em “-tar” ou “-tor”:
- adoção (de adotar), infração (de infrator), tração (de trator), redação (de redator).
d) Substantivos e adjetivos formados a partir do verbo “ter” (e seus derivados):
- detenção (de deter), retenção (de reter), contenção (de conter).
e) Sufixos como “-aça”, “-aço”, “-ção”, “-çar”, “-iça”, “-iço”, “-nça”, “-uça”, “-uço”:
- barcaça, ricaço, armação, aguçar, carniça, sumiço, fiança, dentuça, dentuço.
f) Palavras derivadas de termos terminados em “-tivo”:
- introspecção (de introspectivo), relação (de relativo), ação (de ativo).
g) Após ditongos:
- feição, louça, eleição, traição, precaução.
De onde veio?
A cedilha tem origem no latim medieval e foi adaptada no desenvolvimento de várias línguas românicas. Sua criação remonta ao século IX, quando os escribas começaram a usar um pequeno “z” sob a letra “c” (assim: “ç”) para indicar que o “c” deveria ser pronunciado com som de /s/ ao invés de /k/, especialmente em frente às vogais “a”, “o” e “u”. A forma do “z” abaixo do “c” acabou sendo estilizada até se transformar no pequeno gancho que vemos hoje.
Contexto
No latim clássico, a letra “c” tinha sempre o som de /k/, independentemente da vogal que a seguisse. Com o tempo, no entanto, nas línguas derivadas do latim (como o português, o espanhol e o francês), houve uma evolução fonética: antes das vogais anteriores “e” e “i”, o som da letra “c” passou a ser mais suave, similar ao som de “s”. Para manter essa diferenciação antes de outras vogais (como “a”, “o” e “u”), surgiu o uso da cedilha.
Desenvolvimento nas línguas românicas
Ela foi incorporada a várias línguas românicas, como o espanhol antigo, o francês, o português e o catalão. No entanto, em algumas línguas, como o espanhol moderno, seu uso foi abandonado, sendo substituído por outras convenções gráficas, como o uso do “z” para obter o som /s/ antes de “a”, “o” e “u”.
No português e no francês, no entanto, o “ç” foi mantido e é amplamente utilizado para garantir que o som de /s/ seja claro antes de vogais que normalmente induziriam o som de /k/.