O famoso “til” – quando devemos usar o sinal?

Entenda seu papel na nasalização de vogais e curiosidades sobre sua função nas palavras.

O til (~) é um sinal diacrítico utilizado para indicar a nasalização das vogais “a” e “o”. Ele também é conhecido como notação lexical e exerce uma função importante na modificação da pronúncia das vogais que o recebem. Esse acento altera o modo como o som é produzido, transformando uma vogal originalmente oral em nasal, ao mesmo tempo em que muda o timbre de aberto para fechado.

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O uso do til

Isso ocorre devido à mudança no fluxo de ar, que passa a ser direcionado tanto pelas cavidades bucal quanto nasal. Um exemplo claro dessa transformação pode ser visto nas palavras “Ana” e “anã”. Embora ambas sejam compostas pelas mesmas letras (A e N), o “a” final em “Ana” é uma vogal oral de timbre aberto, enquanto o “ã” em “anã” se torna nasal e adquire um timbre fechado, justamente pela presença do til.

Veja as formas de combinação do til com as vogais a e o:

ÃE: cães, mãe, guardiães;

Ã: fã, cristã, anã;

ÃI: zãibo, cãibra, cãibro;

ÃO: cão, fogão, razão;

ÕE: compõe, põe, soluções.

Além desse sinal, é claro, as letras m e n também podem marcar a nasalização dessas vogais.

É o que ocorre em: centro, andam, índio, untar e longe. Percebe?

É acento gráfico?

O til, apesar de comumente confundido com um acento gráfico, na verdade, é classificado exclusivamente como um sinal diacrítico. Diferente de outros sinais, ele não tem a função de indicar tonicidade nas palavras, mas sim de modificar o som das letras sobre as quais é colocado, como ocorre nas vogais nasais em português.

Os sinais diacríticos na língua portuguesa incluem o acento agudo, o acento circunflexo, o acento grave, o cedilha, o apóstrofo, o trema, o hífen e o til. Entre esses, apenas três são também considerados acentos gráficos: o acento agudo, o acento circunflexo e o acento grave, uma vez que são os únicos que levam o termo “acento” em seus nomes e marcam a tonicidade das sílabas nas palavras.

Assim, em palavras como “órgão”, “órfão” e “sótão”, o único acento gráfico presente é o acento agudo, enquanto o til aparece como um sinal diacrítico que altera a pronúncia, mas não indica a sílaba tônica. Dessa forma, essas palavras têm um acento gráfico e dois sinais diacríticos.

Na sílaba tônica

Toda palavra que, embora não tenha acento gráfico, contenha um til, terá sua sílaba tônica localizada na sílaba em que o til estiver presente. Esse sinal diacrítico é o que indica a tonicidade da palavra. Por exemplo:

  • Cãibra;
  • Ração;
  • Zangões;
  • Instituição.
O famoso "til" – quando devemos usar o sinal? (Foto: Unsplash).
O famoso “til” – quando devemos usar o sinal? (Foto: Unsplash).

Na sílaba átona

Toda palavra que apresenta um acento gráfico ou o til indicará que a sílaba em que esse sinal está localizado é a sílaba tônica, ou seja, a sílaba que recebe a ênfase na pronúncia.

Exemplos:

órfão: a sílaba “ór” é a tônica devido ao acento agudo.

órgão: a sílaba “ór” recebe a ênfase por causa do acento agudo.

sótão: a tônica está na sílaba “só”, também indicada pelo acento agudo.

Pedrógão: a sílaba “dró” é tônica devido à presença do acento gráfico.

Esses sinais ajudam a identificar a correta pronúncia e entonação das palavras na língua portuguesa.

Curiosidades

Algo que poucos sabem é que o til foi uma inovação que surgiu na língua portuguesa durante a Idade Média, e seu uso se consolidou para representar sons nasais, algo que é um traço importante da fonética do português, mas menos comum em muitas outras línguas europeias. Além disso, o til é único em cada idioma que o utiliza. No português, ele tem uma função específica de nasalização, enquanto em outras línguas, como o espanhol, ele aparece na letra “ñ” para indicar o som do “nh”, como em “señor”.

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