Variação e Preconceito Linguístico: definição e exemplos
Presente em todas as línguas naturais, a variação linguística consiste na capacidade que uma língua possui de ser usada de diferentes formas por seus falantes a depender de fatores históricos e culturais. Nesse sentido, a variação linguística refere-se à diversidade de formas de expressão linguística que ocorrem naturalmente em uma língua.
De acordo com os estudos linguísticos, a variação pode acontecer nos níveis fonético, fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático da língua. Isso significa dizer que em uma mesma língua é possível haver diversas formas para pronunciar uma determinada palavra, por exemplo, ou ainda diferentes palavras para nomear um mesmo elemento ou objeto.
Apesar de ter um arcabouço natural, as línguas são um organismo vivo. Sendo uma “construção” humana e histórica, uma língua é responsável também por dar uma unidade a um grupo de pessoas, a uma nação. Nesse sentido, a língua abarca a pluralidade dos seus falantes, sendo dinâmica e está sujeita a variações.
Os fatores que geram as variações em uma determinada língua são diversos, podendo a variação linguística ocorrer por diversos motivos, incluindo geografia, idade, gênero, classe social, contexto comunicativo, entre outros.
Tipos de variação linguística
Considerando os fatores que geram diferentes formas de uso da língua, a variação linguística pode ser de diferentes tipos, sendo os seguintes os principais tipos: diatópica, diacrônica, diastrática, e diafásica.
A variação diatópica refere-se às variedades encontradas em diferentes regiões geográficas. Cada localidade pode desenvolver particularidades no modo de falar, no vocabulário utilizado e até mesmo na gramática empregada. Essas variações regionais são uma manifestação da diversidade cultural do país. Um exemplo de variação diatópica (ou regional) é o emprego de diferentes palavras a depender da região para dar nome a um alimento, como ilustra a tirinha abaixo:
A variação diacrônica, por sua vez, diz respeito às mudanças linguísticas que acontecem na língua ao longo do tempo. As línguas estão em constante evolução, e com o passar das gerações, palavras caem em desuso, novos termos são incorporados e alterações fonéticas e gramaticais podem ocorrer.
Nesse sentido, a variação diacrônica é um fenômeno que revela a história e a trajetória da língua ao longo dos séculos. Um exemplo disso é o emprego do pronome “você”, que deriva de “vosmecê” e “vossa mercê”.
No caso da variação diastrática observa-se os diferentes usos de uma língua entre diferentes grupos sociais. Aspectos como classe social, nível de escolaridade, idade e ocupação podem influenciar a forma como as pessoas falam. Essas variações sociais podem ser percebidas, por exemplo, na linguagem utilizada por pessoas de diferentes níveis de educação ou em situações formais e informais.
A variação diafásica refere-se às variações linguísticas que ocorrem em função do contexto comunicativo ou situação de fala. Ou seja, a linguagem pode variar de acordo com o ambiente em que é utilizada. A forma de falar pode variar dependendo da situação, estando de acordo com o contexto comunicativo.
É natural que os falantes empreguem diferentes registros linguísticos para se adequar às diferentes situações de comunicação, como o uso de gírias em uma conversa entre amigos ou a escolha lexical durante um encontro ou evento religioso.
O que é preconceito linguístico?
O preconceito linguístico é a discriminação baseada nas características linguísticas de uma pessoa ou grupo de pessoas. Consiste em um conjunto de práticas guiadas por juízo de valor negativo às variedades linguísticas faladas por grupos desprestigiados socialmente.
No Brasil, esse tipo de preconceito resulta do ideal de língua impresso pelas gramáticas normativas ou mesmo da norma culta e tem como base um conjunto de mitos. Trata-se de uma discriminação que parte da crença de que se deve falar exatamente como se fala.