Projeto adiciona violência de gênero em editais de concursos; entenda
O projeto obriga que os editais de concursos abordem explicitamente tópicos relacionados à violência de gênero.
A violência de gênero é uma realidade presente em muitos espaços da sociedade, e não poderia ser diferente no serviço público. Em um movimento inovador, um projeto de lei começou a tramitar no Senado com o objetivo de incluir no conteúdo de concursos públicos temas relacionados ao enfrentamento da violência de gênero.
Mas como isso pode impactar a formação de futuros servidores públicos? entenda os detalhes dessa proposta e como ela pode ajudar a mudar a cultura de órgãos e entidades públicas.
O Projeto de Lei (PL 4.410/2024)
O projeto de lei 4.410/2024 foi apresentado pela senadora Augusta Brito (PT-CE) e propõe uma mudança importante na forma como os concursos públicos abordam questões de violência de gênero.
A principal ideia do projeto é incluir no conteúdo dos editais de concursos a obrigatoriedade de temas como assédio sexual, importunação sexual, agressão, ameaça, perseguição, violência psicológica, feminicídio e outras formas de violência contra a mulher.
Por que isso é importante? A proposta visa conscientizar e preparar futuros servidores públicos para lidar de maneira mais eficaz com situações de violência de gênero que possam ocorrer em seus locais de trabalho, além de criar uma cultura de respeito e igualdade de direitos.
A inclusão de temas de violência de gênero em Concursos Públicos
A proposta altera o Estatuto do Servidor Público (Lei 8.112/1990), uma legislação fundamental que regula as funções e deveres dos servidores públicos no Brasil. Com isso, o projeto obriga que os editais de concursos abordem explicitamente tópicos relacionados à violência de gênero.
A intenção é que os futuros servidores públicos, independentemente de suas funções, tenham o devido preparo para identificar e combater práticas como assédio sexual, agressões físicas e psicológicas, e outras formas de violência.
Ao incluir esses temas em concursos públicos, o projeto reforça o compromisso do Estado com a conscientização e com a transformação das instituições públicas, tornando-as mais inclusivas e respeitosas com as questões de gênero.
A justificativa da senadora Augusta Brito
Em sua justificativa, a senadora Augusta Brito destaca um ponto fundamental: o aumento das ocorrências de violência contra as mulheres no Brasil. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, houve um crescimento significativo nas denúncias de violência de gênero em relação aos anos anteriores.
A senadora ressalta que muitos servidores públicos, independentemente do cargo que ocupam, ainda não possuem consciência sobre o que constitui violência de gênero e a importância de combater tais práticas.
Ela explica que, ao incluir essas questões nos concursos, o projeto busca preencher essa lacuna, promovendo a conscientização e a capacitação dos futuros agentes públicos.
“É penoso admitir que, ainda hoje, há muitos, independentemente da função exercida ou do cargo ocupado, que não possuem a mínima consciência prática acerca dos atos que constituem violência de gênero”, afirma a senadora.
O objetivo do projeto: Transformar a cultura pública
Uma das principais motivações por trás desse projeto é mudar a cultura dos órgãos públicos, incentivando um ambiente de trabalho mais respeitoso e igualitário. Com a inclusão de temas sobre violência de gênero, espera-se que os servidores se tornem mais sensíveis às questões de discriminação e violência, adotando atitudes que combatam esses comportamentos no ambiente público.
A senadora acredita que o projeto contribuirá para a promoção da igualdade de gênero dentro do serviço público e ajudará a diminuir práticas condenáveis contra mulheres e outras vítimas de violência em espaços de poder e conhecimento.
Além disso, a proposta também visa sensibilizar os órgãos públicos para a necessidade de mais políticas públicas e ações preventivas no combate à violência de gênero. Isso inclui treinamento, protocolos claros e, principalmente, um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todos os servidores.
O processo legislativo e os próximos passos
Atualmente, o PL 4.410/2024 está na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, aguardando a designação de um relator. Após ser discutido e aprovado nesta comissão, o projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde receberá a palavra final. Se aprovado, o projeto passará a valer e terá um impacto significativo na forma como os concursos públicos tratam a questão da violência de gênero.
A proposta visa garantir que, além de selecionar profissionais com a formação técnica necessária, os concursos também selecionem servidores com uma formação ética e social, capazes de agir de forma responsável em situações relacionadas ao enfrentamento da violência de gênero.
Por que isso pode fazer a diferença?
A inclusão de temas relacionados à violência de gênero nos concursos públicos é um passo importante para garantir que os servidores públicos desempenhem suas funções com empatia, respeito e compreensão das diversas formas de discriminação e violência que existem na sociedade.
A medida tem o potencial de prevenir abusos, criando um ambiente de trabalho mais seguro e acolhedor. Além disso, ela pode ser um modelo para outras áreas do setor público e privado, inspirando mais ações concretas para o enfrentamento da violência de gênero em diversas esferas da sociedade.
Como isso impacta a sociedade?
Esse projeto não afeta apenas o serviço público. Ele pode influenciar também a forma como a sociedade enxerga as questões de violência de gênero. Ao preparar melhor os servidores públicos para lidar com esses temas, a medida contribui para a criação de uma cultura de respeito e igualdade de gênero.
Quando um servidor público está bem informado sobre como identificar e tratar situações de violência de gênero, ele se torna parte de uma rede de proteção para a sociedade, garantindo que os direitos das mulheres e outras vítimas de violência sejam respeitados.