3 vezes em que a vírgula entre sujeito e verbo é permitida

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A vírgula entre o sujeito e o verbo é um dos erros gramaticais mais comuns na língua portuguesa. Isso acontece porque, na maioria dos casos, essa separação é inadequada e compromete a fluidez da frase; no entanto, existem algumas situações específicas em que essa pausa é permitida — e até necessária.

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No texto de hoje, vamos explorar três casos em que o uso da vírgula entre o sujeito e o verbo está correto, ajudando você a evitar armadilhas gramaticais e aprimorar sua escrita.

Vírgula entre sujeito e verbo

O uso da vírgula entre sujeito e verbo é amplamente considerado um dos erros mais graves de pontuação na língua portuguesa; no entanto, existem algumas exceções em que essa separação é não apenas permitida, mas também justificada por estudiosos da gramática. Neste artigo, vamos explorar três situações específicas em que essa pontuação pode ser empregada corretamente, com base em explicações fundamentadas e exemplos ilustrativos.

Acompanhe!

1) Intercalações

A primeira situação em que a vírgula pode aparecer entre sujeito e verbo ocorre quando há a inserção de um termo intercalado. Esse é, sem dúvida, o caso mais aceito e compreendido entre os estudiosos da língua.

O professor Ernani Terra explica que “os elementos que quebram a sequência natural da frase, inserindo-se entre seus componentes, devem ser isolados por vírgulas”. Quando essa interrupção acontece exatamente entre o sujeito e o verbo, a pontuação se torna necessária para garantir a clareza do enunciado.

Vejamos alguns exemplos práticos:

  • A seleção brasileira, no início da preparação para a Copa, treina na Granja Comary.

  • Paulo, cansado e irritado, tomou uma atitude impensada.

  • O referido comício, realizado na última quinta-feira, contou com a presença de diversas autoridades.

2) Orações adjetivas restritivas longas

A segunda exceção ao uso da vírgula entre sujeito e verbo é mais controversa e divide opiniões entre os estudiosos da gramática. Um dos principais defensores dessa prática é o renomado gramático Evanildo Bechara. Segundo ele, quando o sujeito da oração é expandido por uma oração adjetiva restritiva longa, pode-se empregar a vírgula para favorecer a leitura e a compreensão do enunciado.

Bechara justifica essa possibilidade da seguinte maneira:

“Emprega-se a vírgula para separar, quase sempre, as orações adjetivas restritivas de certa extensão, especialmente quando os verbos de duas orações distintas se aproximam. Esse tipo de pontuação pode ser aplicado mesmo que isso implique a separação entre o sujeito e o predicado.”

Para ilustrar esse ponto, ele apresenta o seguinte exemplo:

  • Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância.

A professora Amini Boainain Hauy também reconhece essa possibilidade, ainda que de maneira menos enfática. Segundo sua análise, embora a norma geral recomende a ausência de vírgula entre sujeito e verbo, há margem para seu uso quando a oração adjetiva restritiva se torna excessivamente longa.

Diante desse debate, fica claro que essa é uma questão polêmica e que gera divergências entre os especialistas.

3 vezes em que a vírgula entre sujeito e verbo é permitida (Foto: Unsplash).
3 vezes em que a vírgula entre sujeito e verbo é permitida (Foto: Unsplash).

3) Sujeito oracional

Um dos casos que geram dúvidas quanto ao uso da vírgula entre sujeito e verbo ocorre quando o sujeito da oração é representado por uma oração substantiva. Esse fenômeno foi bem analisado pelo professor Cláudio Moreno, que explica que escritores experientes frequentemente utilizam uma vírgula para delimitar com mais clareza o fim do sujeito, facilitando a compreensão da frase.

Essa estrutura gramatical se manifesta especialmente quando o verbo da oração subordinada substantiva é seguido imediatamente pelo verbo da oração principal. Nesses casos, a vírgula pode auxiliar o leitor na distinção entre os dois segmentos da sentença, conferindo maior fluidez ao enunciado.

O professor Moreno ressalta, no entanto, que o emprego dessa vírgula não é obrigatório na maioria das situações, sendo, portanto, um recurso opcional para quem deseja enfatizar a separação entre as partes da oração. Exemplos desse uso incluem:

  • Quem não faz, leva.

  • Quem quer, faz.

  • Quem não deve, não teme.

Entretanto, quando há repetição do mesmo verbo tanto na oração subordinada quanto na oração principal, Moreno defende que a vírgula torna-se indispensável. Isso ocorre porque a separação gráfica ajuda a evitar ambiguidades e reforça a estrutura paralela da construção. Observe:

  • Quem sabe, sabe.

  • Quem vai, vai.

  • Quem fica, fica.

  • Quem pode, pode.

Resumo

Para sistematizar os três principais casos em que a vírgula pode aparecer entre o sujeito e o verbo, apresentamos a seguinte tabela:

Caso Descrição Exemplo
1. Intercalações Ocorre quando há termos intercalados entre o sujeito e o verbo, como explicações, comentários ou informações adicionais, isolados por vírgulas. A seleção brasileira, no início da preparação para a Copa, treina na Granja Comary.
2. Orações adjetivas restritivas longas Quando o sujeito é modificado por uma oração adjetiva restritiva extensa, pode-se inserir uma vírgula para facilitar a leitura e evitar confusão. Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância.
3. Sujeito oracional Quando o sujeito é uma oração substantiva e o verbo da oração principal vem logo a seguir. A vírgula pode ser usada para marcar essa divisão. Quem não deve, não teme. Quem sabe, sabe.

Dessa forma, o uso da vírgula entre sujeito e verbo depende do contexto e da clareza que se deseja imprimir à frase. Em alguns casos, a separação é facultativa; em outros, torna-se essencial para evitar ambiguidades e tornar a construção mais compreensível.

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