Você sabe quais são as gírias preferidas dos brasileiros?
"Fique ligado" nesse assunto!
Você já se pegou em uma conversa e pensou: “Será que estou falando a língua certa?” Ou, melhor ainda, já tentou entender o que seu sobrinho adolescente quer dizer com “crush”, “flopou” ou “sextou”? Se a resposta é sim, então você está no lugar certo! A língua portuguesa no Brasil é um verdadeiro caldeirão de expressões que mudam mais rápido que moda de TikTok. E nessa matéria vamos mergulhar nesse mundo criativo das gírias preferidas dos brasileiros, onde cada palavra pode ser uma senha secreta para entender o que está rolando por aí. Prepare-se para dar boas risadas e, quem sabe, até adotar algumas dessas expressões no seu vocabulário (ou será que isso não é uma boa ideia?)
As gírias no Brasil
Embora muitas gírias tenham origem em grupos específicos, elas rapidamente ganham popularidade graças à televisão e, mais recentemente, às redes sociais. Um exemplo evidente é o termo “vigorar”, que ganhou notoriedade graças ao participante Gilberto Nogueira, mais conhecido como Gil do Vigor, durante o BBB 21. Segundo ele, “vigorar” significa superar desafios diários com energia e determinação. A expressão ganhou tanto destaque que se tornou uma gíria nacional, sendo adotada tanto dentro quanto fora do reality show. O sucesso foi tão grande que, após sua eliminação, Gil do Vigor firmou uma parceria com a marca de laticínios Vigor e lançou o livro “Tem que Vigorar!”.
Mas será que você está por dentro das gírias brasileiras mais recentes? É interessante observar como essas expressões informais se tornaram parte integrante do nosso vocabulário cotidiano.
O papel das gírias na língua portuguesa
Pronto para uma aula particular sobre gírias? De acordo com o dicionário, gíria é uma forma de linguagem informal, uma expressão metafórica ou dialeto que começa em um grupo específico e, com o tempo, se espalha para um público mais amplo. Além disso, você sabia que há um “Dicionário das Gírias”? Criado em 1985 pelo professor e jornalista João Bosco Serra e Gurgel, este dicionário foi baseado na observação das palavras mais usadas nos jornais e rádios populares do Rio de Janeiro.
Gurgel destaca que uma palavra se torna gíria quando ultrapassa as barreiras regionais e é adotada em outros contextos, como na internet. “Uma expressão regional pode se tornar uma gíria nacional quando é compreendida em diferentes partes do país. Por exemplo, uma gíria do Rio Grande do Sul pode ser entendida por alguém no Acre, e vice-versa.”
Portanto, as gírias atuam como um meio de entendimento universal, e essa dinâmica é comum em todo o mundo. Cada país tem sua própria língua e, consequentemente, suas próprias gírias, que refletem a evolução da comunicação em uma sociedade. A tecnologia desempenha um papel fundamental na evolução da linguagem.
A temporalidade e regionalidade das gírias
Em uma entrevista concedida à Rádio e TV Justiça, a professora de linguística Stella Bortoni, da Universidade de Brasília, esclareceu que as gírias têm duas dimensões: tempo e espaço, abrangendo tanto aspectos geográficos quanto sociais. Por essa razão, muitas expressões que eram comuns no passado, como “grilado”, “à beça”, “bulhufas”, “chato de galocha”, entre outras, já não são mais utilizadas pela geração de hoje.
A percepção popular sobre as gírias
As gírias podem evocar diferentes reações nas pessoas. Segundo uma pesquisa, 77% dos brasileiros se preocupam em usar as gírias corretamente, enquanto 63% acreditam que o uso de gírias no ambiente de trabalho é sinal de falta de profissionalismo. Além disso, 43% das pessoas acham o uso de gírias irritante em conversas informais, com “ranço” sendo uma das expressões menos apreciadas. No entanto, 74% dos entrevistados disseram que “sextou” é uma das gírias mais usadas, enquanto 40% já tiveram que explicar alguma gíria para alguém.
Onde aprendemos as gírias?
As gírias brasileiras evoluíram ao longo do tempo, e as maneiras de aprendê-las também mudaram. Atualmente, a maior forma de aprendizado continua sendo a troca verbal, especialmente entre amigos (70%). A internet, especialmente redes sociais como TikTok (55%), Instagram (54%) e Twitter (23%), também desempenha um papel crescente na disseminação de novas gírias. Músicas, filmes e programas de TV são outras fontes de aprendizado, com 14%, 16% e 21% das pessoas, respectivamente, aprendendo novas expressões por esses meios.
As gírias brasileiras mais populares
Mesmo que algumas pessoas considerem o uso de gírias irritante, 41% dos entrevistados disseram que gostam de usá-las porque estão na moda, e 26% acreditam que é uma forma rápida e prática de se comunicar. Entre as gírias mais populares estão:
- “sextou”
- “treta
- “zueira”
- “trocar ideia”
- “crush”
- “perrengue”
- “firmeza”
- “lacrou”
- “abestado”
- “ranço”
Essas expressões mostram a influência de diversas regiões do Brasil e, em alguns casos, até de outros países, como no caso de “crush” e “cringe”, que vêm do inglês.
As gírias regionais do Brasil
O Brasil, com sua grande extensão territorial e diversidade cultural, é um verdadeiro caldeirão de expressões regionais. Veja abaixo:
- Norte
- Miudinho: que é bem pequeno
- Gaiato: uma pessoa que gosta de fazer gracinhas
- Moscou: foi pego em flagrante
- Tubão: soco na cara
- Borogodó: pessoa que se destaca por alguma coisa
- Nordeste
- Amarrado: pessoa avarenta, mesquinha
- Abestado: bobo, tolo, leso
- Gaiato: pessoa que gosta de fazer gracinhas
- Ícone: maravilhosa, linda
- Fuzuê: confusão, barulho
- Morgado: desanimado
- Centro-Oeste
- Amarrado: pessoa avarenta, mesquinha
- Pisa menos: elogio
- Perrengue: pessoa adoentada ou enfraquecida
- Borracho: bêbado
- Patife: alguém medroso
- Sudeste
- Treta: confusão, briga
- Trocar ideia: conversar
- Firmeza: pessoa ou algo positivo
- Bater um rango: comer, matar a fome
- Vtzeiro: quem faz qualquer coisa para aparecer
- Friaca: muito frio
- Sul
- Esgualepado: ferido, machucado
- Cair os butiá do bolso: se assustar, ficar surpreso com algo
- Dar uma banda: sair, dar uma volta
- Lagartear: ficar no sol
- Trovar: chavecar
Quais são as gírias que mais irritam?
Nem todas as gírias são apreciadas por todos. Várias das gírias mais populares também são as que mais incomodam as pessoas, como “crush”, “shippar”, “sextou” e “treta”. Outras gírias menos populares incluem “abestado”, “truta”, “patife”, “pistola”, “flopar”, “cringe”, “biscoiteiro”, “migué”, “gaiato” e “moscar”.