Zeugma: o que é isso na língua portuguesa?

Veja como essa figura de linguagem cria impacto e fluidez na escrita ao omitir elementos repetidos, enriquecendo o texto com concisão e elegância.

Zeugma é uma figura de linguagem que se caracteriza pela omissão de palavras na oração sem alterar o significado da mensagem. Esse recurso permite que um termo já mencionado anteriormente seja deixado de lado, contando com o contexto e outros elementos gramaticais da oração para a compreensão adequada.

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Zeugma: o que é?

A zeugma é um recurso frequentemente empregado tanto na linguagem oral quanto na escrita, contribuindo para uma maior expressividade da mensagem. Ao utilizar esse recurso, é possível evitar a repetição desnecessária de palavras, tornando o discurso mais fluido e envolvente.

Exemplos

Aqui estão alguns exemplos literários e musicais que ilustram o uso da zeugma:

  • “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” (Raul Pompeia)
  • “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos.” (José Lins do Rego)
  • “A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro temível.” (Érico Veríssimo)
  • “Pensaremos em cada menina/que vivia naquela janela;/uma que se chamava Arabela,/outra que se chamou Carolina.” (Cecília Meireles)
  • “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)

Veja como a zeugma pode ser aplicada em outras frases:

  • Eu estudei a obra de Machado de Assis; Mariana, de Manuel Bandeira.
  • Eu gosto de funk; minha mãe, de música sertaneja.
  • Na primeira gaveta há folhas; na segunda, canetas.

Zeugma e elipse

Muitas vezes, as figuras de linguagem zeugma e elipse são confundidas, embora apresentem diferenças distintas. Ambos os conceitos envolvem a omissão de termos, mas com nuances específicas. Alguns especialistas consideram a zeugma como uma variação da elipse, pois ambas permitem a omissão de palavras nas frases. No entanto, a zeugma se caracteriza pela omissão de um termo já mencionado anteriormente no texto, enquanto a elipse omite uma palavra não previamente citada, mas que é subentendida através do contexto.

Exemplo de elipse

Na frase “Ficamos ansiosos com o resultado”, a omissão do pronome “nós” é identificável pela conjugação verbal.

Exemplo de zeugma

Em “Joaquim comprou duas calças, eu uma”, a palavra “comprei” está omitida no segundo período.

Zeugma: o que é isso na língua portuguesa?
Zeugma: o que é isso na língua portuguesa?

Compreendendo

A elipse é uma figura de linguagem que visa intensificar o significado de um texto através da omissão de termos, que são facilmente deduzidos pelo contexto. O elemento ausente é entendido apenas pelo contexto da frase.

Exemplos de elipse:

  • “Na minha mesa, papéis e livros.” (O verbo “haver” está implícito e a frase completa seria: “Na minha mesa há papéis e livros.”)
  • “No fim da noite, no chão, pessoas e garrafas.” (Aqui, o verbo “haver” também está subentendido.)
  • “Chegamos cedo hoje.” (O pronome “nós” está implícito nesta frase.)

Outras figuras de linguagem

Figuras de linguagem são recursos estilísticos empregados por escritores para enriquecer o significado de um texto literário ou para substituir a falta de palavras apropriadas em uma frase. Seu uso aprimora a qualidade do texto.

Essas figuras se classificam em quatro categorias principais:

  • Figuras de palavras: incluem alegoria, perífrase (ou antonomásia), catacrese, comparação (ou símile), metáfora, metonímia, sinédoque e sinestesia.
  • Figuras de construção: abrangem anacoluto, anáfora, anástrofe (ou inversão), hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo (ou redundância).
  • Figuras de pensamento: incluem antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação (ou clímax), hipérbole, ironia, paradoxo (ou oxímoro) e prosopopeia (ou personificação).
  • Figuras de som: incluem aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia.

Aqui estão alguns detalhes sobre o paradoxo e pleonasmo:

Paradoxo

Ocorre quando conceitos opostos são combinados para expressar uma única ideia.

Exemplos:

  • Minha prima vive no mundo da lua, passando os dias sonhando acordada.
  • Mesmo sendo inteligente, Giovanni, se não mantiver uma mente aberta, permanecerá para sempre numa sábia ignorância.
  • Coitada da rica menina, sempre mimada e paparicada.

Pleonasmo

Neste contexto, observa-se a repetição de conceitos, resultando em um uso excessivo de palavras para transmitir a mensagem. Isso pode ocorrer de forma intencional, com um objetivo literário para intensificar a expressão e capturar a atenção do leitor; no entanto, no pleonasmo vicioso, a repetição de ideias é redundante e não contribui para a clareza da mensagem.

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